Economia
Mercosul busca expandir mercados em meio a disputa comercial global

O Mercosul tomou novas iniciativas para expandir seus mercados durante a guerra comercial dos Estados Unidos, na cúpula realizada em Buenos Aires nesta quinta-feira (3), que teve como destaque a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua aliada política, a ex-presidente Cristina Kirchner, que está em prisão domiciliar por corrupção.
O bloco confirmou um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que inclui Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, propiciando um aumento do comércio entre esses países e o Mercosul.
Durante a cúpula, foram discutidos avanços em acordos comerciais com Emirados Árabes e Canadá, a atualização de acordos com Colômbia, Equador, Panamá e República Dominicana, além de iniciativas para integrar o setor de gás na região.
“É momento do Mercosul se aproximar da Ásia, que é um dos principais motores da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor será fortalecida com laços mais estreitos com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia”, declarou o presidente Lula.
Ele destacou ainda que “o Mercosul é o lugar onde o Brasil se sente seguro”, ao assumir a presidência pro tempore do bloco, cargo anteriormente ocupado pelo argentino Javier Milei, que defendeu maior abertura e criticou a rigidez do bloco, ameaçando avançar unilateralmente em acordos.
Milei, que vê o Mercosul como um obstáculo para um eventual tratado de livre comércio com os Estados Unidos, pediu “liberdade com urgência” para negociações e afirmou que a Argentina seguirá seu caminho, acompanhada ou não pelos parceiros.
Já o presidente Lula prometeu que, sob sua liderança, o Mercosul irá focar no fortalecimento do comércio com parceiros externos e na implementação do acordo com a União Europeia.
Além disso, as prioridades do Mercosul para o próximo semestre incluem as mudanças climáticas, transição energética, combate ao crime organizado e promoção do desenvolvimento tecnológico.
“O Brasil tem a responsabilidade de sediar a COP30 em um contexto de desafios ao multilateralismo, e o apoio do Mercosul e da América do Sul será essencial”, afirmou Lula.
O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, ressaltou a necessidade de retomar negociações com parceiros importantes como Coreia do Sul e Canadá, enquanto o Uruguai defende flexibilizações nas regras do bloco para permitir acordos com terceiros.
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, expressou insatisfação com os avanços atuais, dizendo que a integração energética está se esgotando e celebrando negociações para a construção de um gasoduto que transportará grandes volumes de gás argentino ao Paraguai e Brasil.
Visita a Cristina Kirchner
A cúpula foi também marcada pela visitada do presidente Lula à sua aliada política Cristina Kirchner, em prisão domiciliar em Buenos Aires, autorizada pela justiça após sua condenação por corrupção e inelegibilidade política permanente.
Este encontro causou desconforto na relação já tensa entre Lula e o novo presidente argentino Javier Milei, que não tem encontro bilateral agendado com o brasileiro antes de sua saída de Buenos Aires.
É a primeira visita feita por Lula à Argentina desde que Milei assumiu a presidência em dezembro de 2023.
Por outro lado, Lula teve um café da manhã de trabalho com o presidente paraguaio Santiago Peña, onde conversaram abertamente sobre temas centrais da agenda bilateral.
Milei, um ultraliberal de direita e admirador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que já fez críticas severas a Lula, tem evitado encontros diretos em fóruns multilaterais recentes, como na Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos e a cúpula do G20.

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