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Mianmar realiza eleição após anos de conflito

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A junta militar de Mianmar iniciou no domingo (28) as eleições legislativas, apresentadas como um avanço para a reconciliação nacional, quase cinco anos depois do golpe que desencadeou um conflito civil.

Aung San Suu Kyi, ex-chefe do governo civil, encontra-se presa desde o golpe militar em fevereiro de 2021, que encerrou uma década de democracia no país asiático.

Organizações internacionais, incluindo a ONU, e diversas nações criticaram o processo eleitoral, considerando-o uma tentativa da junta para melhorar sua imagem.

O pleito, realizado em três etapas durante um mês, ocorreu após uma repressão intensa contra qualquer tipo de oposição.

Mianmar, com cerca de 50 milhões de habitantes, está imersa em um sangrento conflito civil, e a votação foi suspensa em áreas controladas pelos rebeldes.

Moradores da cidade de Myitkyina, no norte, expressaram ceticismo, dizendo que os militares buscam legalizar seu domínio tomado pela força, e que a maioria da população pouco se interessa pela eleição, mas teme represálias se não votar.

Enquanto isso, o chefe da junta, Min Aung Hlaing, não fez declarações à imprensa, mas a mídia estatal promove a eleição como uma chance de reconciliação, ressaltando que o exército continuará influente na política do país.

Aung San Suu Kyi presa

O Exército governou Mianmar desde a independência, exceto entre 2011 e 2021, um período democrático marcado por reformas e esperança.

Contudo, após a vitória esmagadora da Liga Nacional para a Democracia (LND) de Aung San Suu Kyi nas eleições de 2020, Min Aung Hlaing assumiu o poder alegando fraude eleitoral.

Aung San Suu Kyi está cumprindo uma sentença de 27 anos por múltiplas acusações que variam de corrupção a desrespeito às normas anticovid.

Seu filho, Kim Aris, afirmou duvidar que ela veja as eleições como relevantes.

O partido dela foi dissolvido, assim como vários outros que participaram das eleições de 2020. O Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP), que apoia os militares, compõe mais de 20% dos candidatos.

A junta está processando centenas de pessoas acusadas de tentar sabotar o processo eleitoral, numa nação com aproximadamente 22 mil presos políticos, conforme associação local de apoio a detidos.

Eleição contestada

Após o golpe, aliados da democracia se juntaram a grupos armados étnicos para resistir.

A junta intensificou ações militares para controlar mais territórios antes da votação, reconhecendo que esta não será possível em certas áreas.

Um representante da Força de Defesa do Povo afirmou que existem outras formas de buscar a paz, mas optaram por organizar eleições, e que a luta continuará.

Segundo o groupo Arms Conflict Location & Data (Acled), cerca de 90 mil pessoas morreram no conflito envolvendo todos os lados em Mianmar.

O conflito também causou 3,6 milhões de deslocados e metade da população vive na pobreza, segundo dados da ONU.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que não acredita que essas eleições resolverão os desafios enfrentados pelo país.

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