Moderadores do TikTok na Alemanha alertam sobre risco de demissões por Inteligência Artificial

Na filial alemã do TikTok, os moderadores de conteúdo se mobilizaram nesta quinta-feira (17) em Berlim para denunciar a preparação de demissões pela empresa, substituindo os trabalhadores por sistemas de Inteligência Artificial (IA), o que, segundo eles, pode aumentar a exposição ao discurso de ódio online.

Um grupo de cerca de 50 pessoas, incluindo integrantes do departamento de “confiança e segurança” localizado em Berlim, afirmou que a direção do TikTok mencionou a possibilidade de cortes em larga escala no quadro de funcionários.

Os manifestantes pedem uma revisão nas decisões da empresa. Uma das faixas exibidas trazia a frase: “Nós treinamos suas máquinas, paguem o que merecemos”.

O TikTok ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.

A plataforma contava com mais de 20 milhões de usuários na Alemanha ao final de 2023.

Os moderadores têm a função de impedir que conteúdos que promovam ódio, desinformação ou material impróprio sejam publicados na rede.

Este conflito faz parte de uma tendência global das redes sociais que buscam diminuir seus funcionários humanos, optando por soluções automatizadas a partir da IA.

Em outubro do ano passado, o TikTok anunciou a eliminação de centenas de postos de trabalho no mundo, especialmente na Malásia, migrando para sistemas automáticos para filtrar conteúdos.

O sindicato ver.di informou que o TikTok Alemanha recusou-se a dialogar com os moderadores.

Segundo Benjamin Karkowski, um dos moderadores, os funcionários esperavam continuidade no trabalho após participarem de treinamentos sobre uma mudança de sistema no início do ano. Porém, um mês depois, foram informados das demissões e da substituição pelas tecnologias de IA.

Uma outra moderadora, Sara Tegge, frisou que a inteligência artificial não tem capacidade para identificar quando um conteúdo discrimina determinados grupos sociais ou avaliar o grau de risco de certas publicações.

O TikTok, pertencente ao grupo chinês ByteDance e com mais de 1,5 bilhão de usuários globalmente, tem sido alvo de preocupações por parte de governos no Ocidente, devido às suas supostas conexões com a China e receios quanto ao uso da plataforma para espionagem ou propaganda.