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Centro-Oeste

Modernização e expansão em andamento no metrô do Distrito Federal

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Passageiros reclamam de problemas constantes. Especialista ressalta que a manutenção e a renovação da frota são essenciais. A companhia revelou o que está sendo feito para manter um serviço de qualidade

Inaugurado em março de 2001 como uma alternativa de transporte público, o sistema metroviário da capital federal tem 42,38 km de extensão, uma frota de 32 composições (carro principal e mais três vagões) e 27 estações para atender a uma média de 160 mil usuários/dia, segundo dados da Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF). Diariamente, porém, passageiros reclamam de algum problema que atrasa a viagem e causa transtornos. A gestão da companhia, entretanto, assegura que está trabalhando em projetos que mudarão a situação para melhor.

O Correio fez o percurso de metrô da Estação Central (que fica sob a rodoviária do Plano Piloto), até Águas Claras e viu a realidade enfrentada pelos usuários do sistema. Para Célio Antônio, 77 anos, morador do Park Sul, a necessidade de aumento das linhas para regiões administrativas, como Sobradinho e Gama, deveria ser contemplada.

“É como se você tivesse uma casa bem grande com uma família bem pequenininha. As linhas do metrô são muito limitadas para o tamanho do DF”, avaliou. Isso contribui para a superlotação constante, segundo ele.

A insegurança e o desconforto são problemas diários para o casal Raimunda dos Santos Souza, 68, e Francisco Félix de Souza, 80, moradores de Samambaia. “Na semana passada, estávamos no metrô quando deu um pico (de energia) no trem. Ele chegou a ficar parado por alguns minutos e isso dá medo na gente. Não temos segurança alguma”, reclamou Raimunda.

Segundo ela, apesar de ser um transporte rápido, é superlotado. “Não conseguimos ir sentados nunca, pois não respeitam os assentos prioritários”, lamentou.

Pouco investimento

O Secretário executivo do Instituto Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), Wesley Ferro Nogueira, destacou que os usuários do sistema metropolitano candango sofrem com diversos inconvenientes. Segundo ele, a lista inclui, diariamente, paralisação da operação, problemas de manutenção dos trens, incêndios e panes elétricas. “Há uma superlotação nos horários de pico, junto à ociosidade em outros momentos, pois a demanda não é atendida de maneira uniforme, ao longo do dia”, acrescentou.

Nogueira — que também faz parte do Conselho de Transporte Público Coletivo do DF e do Conselho de Trânsito do DF — afirmou que, entre os motivos que levam a esses problemas, está o fato de o sistema ter conjuntos com quatro vagões e as estações serem limitadas a essa configuração. “Com isso, no DF, não há a possibilidade de inserir mais dois vagões às composições, que é o comum para o sistema de trilhos de metrô”, observou.

Outro problema grave, segundo o secretário executivo do MDT, é a frota antiga. “Os trens atuais têm mais de 30 anos, o que só é uma idade razoável se existisse uma manutenção adequada, o que não ocorre, aqui, no DF. Há um baixo nível de recursos aplicados para investimento nessa questão”, apontou. “Esse baixo nível de manutenção se traduz na infinidade de problemas que o sistema vem apresentando ao longo dos anos”, acrescentou.

Presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU), o deputado Max Maciel (PSol) disse ao Correio que tem fiscalizado a situação do Metrô-DF. De acordo com ele, desde o ano passado, a comissão realizou três visitas ao metropolitano — uma ao Centro de Controle Operacional (CCO) e duas à base administrativa.

“Os principais problemas são a falta de investimentos, a ausência de adaptação energética após a privatização da CEB, a desatualização dos trens, a carência de pessoal e a escassez de recursos para a expansão das linhas”, listou. “Apresentamos propostas práticas, a médio e longo prazo, como novos investimentos públicos, expansão das linhas e melhorias na gestão do sistema”, comentou o parlamentar.

Expansões

O Correio conversou com o diretor-presidente da companhia, Handerson Cabral, que explicou o que está sendo feito para oferecer um serviço de qualidade a quem utiliza o modal. Ele disse que, atualmente, há um contrato de melhoria do fornecimento de energia, no valor de R$ 52 milhões. “Essa ação vai modernizar todas as subestações que alimentam o sistema e vem para garantir segurança elétrica”, afirmou, revelando haver, além disso, outros dois projetos de expansão em andamento.

“A mais adiantada é a da linha de Samambaia. Estamos concluindo todo o projeto executivo e tramitando o contrato de financiamento de R$ 400 milhões junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, detalhou, ressaltando que a aquisição do crédito foi aprovada pela Câmara Legislativa (CLDF). “Serão mais 3,6 km, com duas estações, e deve beneficiar cerca de 10 mil passageiros, por dia. A ideia é começar as obras entre o fim deste ano e o início de 2025”, acrescentou Cabral.

A outra expansão prevista é para Ceilândia. De acordo com o presidente da companhia, o edital de licitação foi publicado, porém o Tribunal de Contas (TCDF) pediu explicações. “A ideia é devolver os questionamentos respondidos ainda em outubro para dar seguimento ao processo”, pontuou. “Nosso planejamento é que as obras se iniciem no fim do ano que vem. Serão 2,6 km de linha, também, com duas estações (novas), beneficiando de 12 mil a 15 mil passageiros”, comentou.

Outro projeto é a criação da Linha 2, segundo Handerson Cabral. “Vamos iniciar os estudos sobre a viabilidade em breve. A ideia é que essa expansão seja dividida em três etapas, sendo a primeira saindo da Esplanada, subindo o Eixo Monumental, passando pelo Sudoeste, Cruzeiro, SIA, até chegar no Park Shopping”, descreveu. “Nosso compromisso é ter o projeto pronto — caso tenha viabilidade — até o fim do governo atual”, ressaltou.

Sobre a possibilidade de expansão da linha para outros pontos, ele enfatizou que a prioridade é a conclusão das obras para a Ceilândia e Samambaia. “São regiões onde temos uma grande população que precisa e utiliza o serviço diariamente”, frisou. “Não temos nenhum projeto ou estudo, atualmente, para expansão do metrô em direção ao lado norte do DF, por exemplo”, afirmou Cabral.

Ele destacou ainda que, atualmente, o metrô não se paga, pois sua operação é muito cara. “Arrecadamos R$ 200 milhões por ano e nossos custos totais estão na casa dos R$ 500 milhões. Esse deficit é suportado pelo próprio GDF. É assim que conseguimos manter o serviço, sem aumentar a tarifa para o usuário”, disse o diretor-presidente do Metrô-DF.

Soluções

De acordo com secretário executivo do MDT, é preciso aumentar o nível de investimento, ampliar o número de servidores, comprar novas composições, além de investir na manutenção da frota que está em operação. “Também é necessário rediscutir o modelo de fornecimento de energia, reduzir o intervalo entre os trens, durante os horários em que o sistema é mais procurado”, explicou.

O diretor-presidente do Metrô-DF, por sua vez, disse que, para manter um bom atendimento ao usuário, está se investindo na modernização e na aquisição de componentes eletrônicos. Segundo ele, isso deve ocorrer nos próximos dias e, quando os equipamentos chegarem, essas “falhas rotineiras vão diminuir consideravelmente”.

“O contrato de segurança elétrica também vai garantir um melhor serviço. E também temos os serviços de manutenção rotineira. Esse conjunto é que vai garantir um bom serviço para a população”, afirmou Cabral.

Estudo de viabilidade

A ideia é que, caso haja viabilidade, o trem saia da Estação Central, subindo pela Esplanada, e passe por Cruzeiro, Sudoeste, SIA, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo 1 e 2, Recanto das Emas, Gama e Santa Maria.

Correio Braziliense

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