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Moradores se dividem quanto a memorial para celebrar João Goulart
Cerca de uma semana após os preparativos para as obras do Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart começarem, entre o Memorial JK e a Catedral Rainha da Paz, a polêmica em torno da edificação tem dividido moradores, órgãos governamentais e representantes da sociedade civil organizada. Quem é a favor defende que o monumento, idealizado por Oscar Niemeyer, será mais uma opção cultural para os brasilienses e ajudará a preservar a história brasileira. O GDF cedeu o terreno ao empreendimento em 2013. Uma das justificativas de quem discorda, no entanto, é que o espaço de 3 mil metros já tinha sido destinado à construção de um memorial para ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Para 12 de abril, está sendo planejado um protesto contra a iniciativa, com a participação dos veteranos e de outros apoiadores da causa.
O presidente do Clube dos Pioneiros, Roosevelt Dias Beltrão, é um dos que estão à frente da manifestação. “Queremos que os tapumes que foram colocados no Eixo Monumental sejam retirados. Esse lote pertence aos pracinhas”, afirma. Ele informou, ainda, que se reunirá hoje com o Comandante Militar do Planalto, Racine Bezerra Lima Filho, para discutir o que pode ser feito a respeito do memorial. O ex-secretário de Cultura do Distrito Federal Silvestre Gorgulho também é contra a obra. “Eu ouvi, do próprio Niemeyer, que a ideia era construir o monumento na cidade onde Jango nasceu, Bagé (RS), e não em Brasília. É um absurdo”, afirma.
A polêmica é grande, mas, ao que tudo indica, a construção tem tudo para ser concretizada sem grandes empecilhos. O órgão responsável por levantar a verba necessária para as obras é o Instituto João Goulart. Um dos instrumentos para a arrecadação é a Lei de Incentivo à Cultura. De acordo com a secretária-geral da entidade, Verônica Fialho, o projeto está em tramitação há sete anos e seguiu todos os devidos procedimentos legais. “A iniciativa foi aprovada por todos os órgãos competentes e, se o GDF entendeu que o memorial é culturalmente viável, não há por que criticar”, diz ela.O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aguarda a apresentação do projeto para estudar se está dentro das regras de tombamento. A documentação necessária também foi entregue à Administração de Brasília durante o governo anterior e está em fase de análise, mas não há sinais de irregularidade. Caso tudo seja aprovado, a previsão é de que o memorial seja erguido em até quatro anos.
Entre arquitetos e urbanistas, o posicionamento tende a ser contra o monumento. “Acho o memorial um absurdo. João Goulart não fez nada por Brasília e não se justifica fazer um monumento em sua homenagem no centro da cidade”, defende o arquiteto Carlos Magalhães, um dos maiores especialistas nas obras de Niemeyer.
Na quarta-feira, ele se reúne com o presidente do Clube dos Pioneiros para definir as próximas ações. Para a arquiteta Laila Mackenzie, integrante do grupo Urbanistas por Brasília, a obra também não se justifica. “No momento de crise em que estamos vivendo, a construção de um novo monumento não deveria ser prioridade. Ainda que a construção seja custeada pelo Instituto João Goulart, nada garante que custos de manutenção não acabem caindo nas mãos do governo também”, diz.
Debate nas ruas
As opiniões de moradores da capital a respeito do memorial também são variadas (Veja Povo fala). Os amigos André Victor Dias, 17 anos, e Antônio Marcos Ferreira, 38, vão com frequência ao Eixo Monumental andar de bicicleta. Ao passar pelos tapumes onde será erguida a edificação, tiveram opiniões diferentes sobre o monumento. “Eu sou a favor da obra. Será mais uma atração para os brasilienses e outra bela obra para se admirar”, conta André, morador do Cruzeiro há 3 anos. Ele já visitou vários museus da capital e acha que é um ótimo passeio.
O colega do estudante, no entanto, tem outro ponto de vista sobre a questão. Para Antônio, morador da Estrutural e encarregado de setor em um supermercado, a construção não teria muito para acrescentar ao cenário cultural da população. “Tem outro memorial bem ao lado e erguer mais um seria um gasto de espaço. Acho que os moradores do Plano Piloto já contam com suficientes opções de museus e não é necessário mais um”, argumenta.
Fonte: Correio Web
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