Morre médico que cuidou do sargento salvo das ariranhas no zoológico de Brasília

Alfredo Granemann de Moraes faleceu aos 95 anos na última quarta-feira (22/10). Ele foi o médico que atendeu o 2º sargento Sílvio Hollembach, atacado pelas ariranhas ao entrar na jaula para resgatar uma criança no Zoológico de Brasília em 1977. Este evento ficou muito conhecido na cidade, tanto que o zoológico recebeu oficialmente o nome de Sílvio Hollembach em homenagem ao sargento.

Alfredo Granemman, natural de União da Vitória no Paraná, formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi coronel do Exército Brasileiro. Atuou como médico em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Brasília, nos hospitais das Forças Armadas (HFA) e de Base (HBDF).

Em entrevista ao Metrópoles, os cinco filhos de Alfredo — Celina, Cibele, Evelise, Liciane e Luciano Quadrado de Moraes —, que são servidores públicos, compartilharam lembranças sobre a vida e a carreira do pai. Eles descrevem Alfredo como alguém que via sua profissão como um verdadeiro sacerdócio. Mesmo após aposentadoria obrigatória aos 70 anos, continuou atuando na área da saúde em Planaltina e permanecia vinculado ao Ministério da Saúde.

Evelise ressaltou a integridade do pai, lembrando que ele sempre transmitia histórias de honestidade com muito orgulho. Alfredo era avô de oito netos e bisavô de quatro. Celina o definiu como um pai, avô, bisavô, marido e médico admirável. Ele esteve casado por 63 anos com a mãe dos filhos, mantendo uma união de 68 anos.

Na ocasião do ataque no zoológico, Alfredo era chefe da emergência do HFA e registrou no livro de plantão sua admiração pelo gesto corajoso do sargento Sílvio Hollembach. O velório será na sexta-feira (24/10), das 13h às 15h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Em seguida, será realizada a cremação.

Sobre o incidente com as ariranhas

Em 27 de agosto de 1977, Adilson Florência da Costa, com 13 anos na época, caiu no fosso onde estavam as ariranhas no zoológico. O sargento Sílvio Delmar Hollembach então saltou na jaula para salvar o garoto. O zoológico de Brasília foi renomeado em sua homenagem, além de outras homenagens como o nome de uma escola e um auditório do HFA.

Embora o sargento tenha conseguido salvar a criança, ele acabou falecendo três dias depois devido a uma infecção grave causada pelas mais de 100 mordidas das ariranhas. Tinha 33 anos à época.

O militar estava no zoológico com sua família para comemorar a conclusão do curso de agronomia da Universidade de Brasília. A repercussão do caso foi tamanha que o presidente dos EUA na ocasião, Jimmy Carter, enviou condolências à família.

Sobre as ariranhas

As ariranhas, apesar da fama gerada por esse incidente, raramente atacam pessoas. Elas se alimentam principalmente de peixes, aves e ovos e vivem principalmente no Rio Amazonas e no Pantanal brasileiro. São animais territoriais, o que pode explicar o ataque, considerando que uma das fêmeas estava cuidando dos filhotes na jaula.