Centro-Oeste
Morte de cavaleiro e motociclista no DF revela falta de iluminação em estrada

A tragédia envolvendo um motociclista e um cavaleiro na área rural de Sobradinho dos Melos, próximo ao Paranoá, no Distrito Federal, trouxe à tona a dura realidade da deficiência na infraestrutura local. O acidente aconteceu em uma estrada sem luz pública, desprovida de sinalização adequada e com grande circulação de animais, fatores esses que, segundo moradores, são comuns e vêm sendo ignorados pelos órgãos responsáveis há muitos anos.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) relatou que o acidente ocorreu no último domingo (20/7). O motociclista, que estava com a companheira na garupa, colidiu contra um cavalo na pista e, logo após, foi atropelado por um automóvel, falecendo no local. A passageira foi levada ao hospital, e o cavaleiro, que sofreu traumatismo craniano, faleceu na manhã da terça-feira (22/7).
Sylvio Serafim, empresário e morador da região, declarou: “Se houvesse iluminação, o acidente não teria acontecido”. Ele ressaltou que a falta de iluminação é o principal problema, além da ausência de acostamentos, ciclofaixas e quebra-molas. “A duplicação da via pode até acontecer futuramente, mas precisamos de ações imediatas”, completou.
O trecho onde aconteceu o acidente foi asfaltado entre 2012 e 2014, mas, conforme relatos, nunca recebeu a manutenção adequada da sinalização horizontal e vertical. “As faixas estão apagadas, e a visibilidade noturna é muito ruim. Sem fiscalização nem radares, muitos motoristas abusam da velocidade”, contou Sylvio.
A região tem forte característica rural e muitos criadores de cavalos. A prática de cavalgadas é comum e, por falta de infraestrutura nas estradas, cavalos frequentemente dividem o espaço com veículos motorizados. “Existem haras e propriedades com cavalos, e quase todos aqui possuem um. Frequentemente usamos cavalos para visitar vizinhos, principalmente em noites de lua cheia, quando a paisagem é deslumbrante”, afirmou.
Sylvio mencionou ainda que os moradores convivem com acidentes frequentes envolvendo motos, carros e animais, decorrentes tanto da imprudência de alguns motoristas quanto da ausência de estrutura básica. “Nem radar há por aqui. As pessoas podem facilmente ultrapassar 160km/h sem sofrer multas.”
A vítima que conduzia o cavalo era muito conhecida na localidade e considerada um líder na comunidade. “Ele lutou por melhorias, como o calçamento das estradas. Em sua homenagem, vamos realizar um protesto”, disse Sylvio.
Cavalgada em homenagem e protesto
Como resposta à tragédia, moradores organizaram uma cavalgada para este sábado (26/7), convocada pela Comitiva dos Traiados. O evento será uma homenagem ao cavaleiro Aláercio André da Silva, vítima do acidente, e ao motociclista que perdeu a vida, além de uma forma de reivindicar melhorias urgentes na estrada.
O ponto de encontro será às 10h no Show Bar Vai Que Cola, um estabelecimento local. Os participantes foram orientados a comparecer com cavalos, vestir a camisa da comitiva e, se possível, usar laços pretos como símbolo de luto. O texto do protesto enfatiza: “A vida precisa ser prioridade. Iluminação pública é um direito fundamental. Por Aláercio. Pela segurança de todos.”

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