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Mortes em rotas migratórias para a Espanha atingem nível recorde

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Média de mortes nos cinco primeiros meses de 2024 foi de 33, quase o dobro em relação ao ano passado

Neste ano, 33 pessoas morreram por dia ao tentar chegar na Espanha pela fronteira ocidental da África. Este é o maior número registrado pela ONG espanhola “Caminando Fronteras” desde o início da série histórica, em 2007.

O número quase dobrou em relação a 2023, que até então detinha o recorde, com o registro de 18 mortes diárias. Os dados deste ano ainda são parciais, de janeiro a maio, enquanto os de 2023 dizem respeito ao ano todo.

No total, foram contabilizadas 5.054 vítimas nos primeiros cinco meses de 2024, incluindo 154 mulheres e 50 crianças.

A organização leva em consideração quatro rotas migratórias principais, sendo a rota no oceano Atlântico, chamada de Canaria, a mais letal. Esta inclui partidas da Mauritânia, Senegâmbia (Senegal e Gâmbia) e das costas entre Dakhla e Tan-Tan, com destino às Ilhas Canárias, um arquipélago espanhol ao largo da costa noroeste da África. Neste percurso, 4.808 pessoas perderam a vida, representando 95% de todas as mortes registradas no período.

A entidade alega que o aumento das mortes está fortemente ligado à intensificação das saídas de “canoas” da Mauritânia, com muitas embarcações desaparecendo no mar. Até mês passado, 47 já tinham desaparecido com todas as pessoas a bordo.

Também este ano, um barco que saiu em fevereiro da Mauritânia chegou na costa brasileira em 15 de abril, sem nenhum sobrevivente.

Nas rotas do Mediterrâneo, 246 pessoas morreram, sendo a Rota Argelina do Mediterrâneo Ocidental a mais mortal depois da no Atlântico. O número de vítimas que saíram da Argélia dobrou em comparação com o mesmo período do ano passado. A situação é semelhante em Alborão, onde as mortes aumentaram mais de 50%.

Na rota do Estreito de Gibraltar, todas as mortes documentadas ocorreram em travessias a nado para Ceuta, cidade autônoma espanhola localizada na costa africana. Muitas vezes, as mortes ocorreram durante condições meteorológicas adversas.

Pessoas de 17 países já perderam suas vidas nessas rotas este ano.

Razões para o aumento

Segundo a organização, o crescimento no número de vítimas pode ser atribuído a vários fatores. Dentre eles, a atividade persistente em condições metereológicas adversas. De acordo com a ONG, mesmo durante os piores meses de inverno, a rota mauritana permaneceu extremamente ativa, ao contrário dos anos anteriores, em que havia uma redução nas saídas de embarcações quando o tempo estava desfavorável.

A condição precária das embarcações é outro fator mencionado. O relatório cita que muitos acidentes ocorreram devido à sobrecarga e às más condições de segurança náutica das embarcações, que muitas vezes enfrentam longas distâncias sem os meios necessários para completá-las.

Aspectos políticos também são apontados. A organização diz que o acordo bilateral assinado entre Mauritânia e Espanha em fevereiro deste ano focou-se exclusivamente no controle migratório, sem estabelecer protocolos eficazes de colaboração para proteger vidas em risco.

“A falta de meios de busca e salvamento quando se é alertado sobre navios desaparecidos tem sido fundamental para o aumento de vítimas durante este período”, assinala o texto.

O coletivo indica ainda que a má coordenação entre os países responsáveis pela ativação dos serviços de resgate tem contribuído significativamente para o aumento das mortes.

“Os serviços de resgate interpretam as obrigações e recomendações das convenções internacionais de forma unilateral e discriminatória quando se trata de barcos onde se encontram migrantes”, diz a entidade em nota, que acrescenta que, em algumas ocasiões, os recursos de busca marítima são insuficientes e há pouca participação dos meios aéreos.

A entidade ainda diz que os meios de busca e resgate necessários não são ativados, mesmo tendo as posições exatas de onde o naufrágio está ocorrendo.

CNN Brasil

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