Notícias Recentes
Motorista envolvido em morte de comissário já processou Prefeitura por demora do Samu em outro acidente
Advogado informou à Justiça que acidente de moto foi causado por manchas de óleo na pista e cobrou da Prefeitura despesas com tratamento, mas perdeu a causa.
O motorista que bateu em alta velocidade e provocou a morte do comissário de bordo de 43 anos na Avenida dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada da última sexta-feira (14), já havia processado a Prefeitura de São Paulo por outro acidente em que se envolveu, alegando que houve demora do Samu para prestar socorro.
O advogado Arthur Falcão Sfoggia, de 33 anos, perdeu o processo em que pedia, em 2013, indenização da Prefeitura por danos morais e materiais, após ter derrapado de moto em uma mancha de óleo em uma rua da capital. Sfoggia queria que o município pagasse os gastos que ele teve com supostas despesas médicas com fraturas causadas pelo acidente e tratamento dos supostos traumas.
Sfoggia foi preso no sábado (15) após o novo acidente, indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar) e liberado após o pagamento de fiança. Segundo testemunhas, ele não parou para ajudar o comissário de bordo Alexandre Stoian, que morreu carbonizado após seu veículo pegar fogo com a batida. A família da vítima quer recorrer da soltura do advogado.
A mulher de Stoian, que estava sentada no banco do carona, conseguiu escapar pelo vidro do motorista, já que não conseguia abrir as portas do carro. Informações preliminares são de que o advogado fugiu do local da tragédia, sem prestar socorro. Sfoggia negou e disse que tentou ajudar o motorista. O advogado também admitiu que bebeu, mas se recusou a fazer exame de sangue que determina a dosagem alcoólica.
No acidente anterior em que se envolveu em São Paulo, cuja data não foi divulgada na sentença do processo, o advogado foi condenado a pagar verbas de sucumbência (valores gastos com os advogados das partes) para a Prefeitura após perder o processo em que pedia R$ 17.228,06 de indenização da prefeitura.
A Prefeitura, no entanto, informou que não houve cobrança da verba honorária porque decisão de segunda instância concedeu ao autor da ação o benefício da justiça gratuita, o que o liberou do pagamento.
Mancha de óleo na pista e ‘distorções sobre fatos’
Conforme o juiz Leandro Galluzzi dos Santos, da 2ª Vara do Juizado Especial da Fazenda Pública, o advogado alegava que “estava pilotando sua motocicleta e devido a uma mancha de óleo na pista, teria se acidentado. Afirma ainda, que após a queda houve demora quanto ao socorro por parte do SAMU, resultando, despesas médicas pelas fraturas causadas e tratamento dos supostos traumas”.
O magistrado, em sentença de primeira instância proferida em fevereiro de 2015, diz que o advogado Sfoggia entrou em contradição e que “já foram notadas distorções sobre os fatos por parte do Requerente [Sfoggia], que não apresenta provas concretas sobre suas alegações”.
O juiz também entendeu que o advogado não demonstrou no processo que a Prefeitura tenha tido responsabilidade no acidente, ressaltando o depoimento de uma testemunha que “no local não acontecem muitos acidentes, mesmo porque não há como desenvolver velocidade alta em função do curto trecho de curvas”.
O juiz afirmou ainda que, “são várias as perspectivas que recomendam a improcedência” do pedido de indenização do advogado.
Acidente na Bandeirantes
Sfoggia não falou com a imprensa no sábado após a deixar a delegacia da Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, onde estava preso após a colisão com veículo do comissário de bordo. O defensor que o acompanhava também não deu declarações e se limitou a dizer que o cliente “não fugiu”.
No depoimento, conforme apurou o SP1, o advogado de Sfoggia, primo dele, primeiro disse que o levava ao Aeroporto de Congonhas no momento do acidente. Depois de cair em contradição, admitiu que voltava para casa com o parente após uma noite na casa de shows Villa Country, na Zona Oeste da capital. Ele, no entanto, sustenta que não negou ajuda ao comissário, e que até ficou com as mãos queimadas ao tentar retirá-lo do carro em chamas.
A polícia vai investigar se a versão do motorista é verídica. De acordo com o delegado que investiga o caso, Arthur deve ser indiciado por homicídio com dolo eventual, porque assumiu o risco de matar.
O delegado Anderson Giampaoli acredita que o motorista estava participando de um racha. “A Polícia Civil entende nesse momento pelo que se colheu, que ali temos um caso de dolo eventual, ou seja, pela velocidade, pelos indícios da ingestão de bebida alcoólica, pelos testemunhos colhidos, pelas imagens que nós vimos. Ele assumiu o risco de produzir o resultado morte, daí a razão de ele estar sendo autuado no artigo 21 parágrafo 2, homicídio qualificado”, afirmou
Alta velocidade
Imagens de câmeras de segurança mostraram a explosão provocada pela colisão entre os dois veículos que se envolveram no acidente na Avenida dos Bandeirantes.
A Polícia Civil calcula que ele dirigia a mais de 100 km por hora na via, onde a velocidade máxima é de 50 km/h. Os investigadores disseram que encontraram no carro dele uma lata de cerveja, uma pedra de crack e uma porção de maconha.
As imagens mostram que às 3h40 a Avenida dos Bandeirantes estava quase vazia, quando o carro da vítima passa devagar. Em seguida, passa o segundo veículo em alta velocidade e dá para ver uma explosão.
Outro vídeo feito logo após a batida mostra o carro em que estava o comissário em chamas. A mulher dele, que estava sentada no banco do carona, conseguiu escapar pelo vidro do motorista, já que não conseguia abrir as portas do veículo. A esposa ainda tentou resgatá-lo, mas, com as portas travadas, não conseguiu. Ela sofreu queimaduras nas mãos e nos pés. Testemunhas relataram à polícia que o motorista fugiu a pé após o acidente.
Você precisa estar logado para postar um comentário Login