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Mototáxi pode afetar transporte público em São Paulo

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Uber e 99 anunciaram na terça-feira (18/11) que vão retomar o serviço de mototáxi em São Paulo a partir de 11 de dezembro. As empresas divulgaram uma pesquisa feita pelo Datafolha que aponta um possível impacto direto no sistema de transporte público da cidade.

A pesquisa destacou a rapidez dos deslocamentos e o custo baixo do mototáxi em comparação com outros meios de transporte. A maioria dos usuários possui renda familiar de até cinco salários mínimos.

Conhecido pelas empresas como “moto app”, o serviço utiliza monitoramento online e pretende atender principalmente regiões onde o transporte público, como trens e ônibus, apresenta deficiência, especialmente em áreas periféricas. Um exemplo dessas falhas foi mostrado há um ano pelo Metrópoles, que revelou a superlotação de pontos e coletivos na rua Dona Belmira Marin, no Grajaú.

Se aumentar a fuga de passageiros e a queda de receita, o transporte público pode se tornar ainda mais difícil e caro de manter. Para este ano, a prefeitura havia previsto um financiamento de R$ 6,2 bilhões para o sistema.

Entre janeiro e outubro, São Paulo registrou 397 mortes de motociclistas no trânsito, número igual ao do mesmo período em 2024. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), custos sociais de acidentes envolvendo motos são muito superiores aos relacionados a ônibus, chegando a até 40 vezes mais em acidentes não fatais e 27 vezes mais nos fatais, considerando a quantidade de pessoas transportadas e os quilômetros percorridos.

Durante o anúncio da retomada, as empresas divulgaram uma carta aos cidadãos de São Paulo, comprometendo-se a adotar medidas para garantir mais segurança, como o monitoramento da velocidade das motos e a exigência de que os motociclistas tenham pelo menos 21 anos e CNH com registro para atividade remunerada.

Resultados da pesquisa

A pesquisa foi realizada com clientes da 99 na Grande São Paulo, incluindo a capital, onde 256 usuários responderam entre 23 de abril e 23 de maio, com margem de erro de 6 pontos percentuais.

Na capital, 71% dos entrevistados tinham renda familiar de até cinco salários mínimos, grupo que normalmente utiliza transporte público. Outros dados indicam que 44% usaram o serviço pelo menos uma vez por dia, 74% em viagens com até 30 minutos e 85% para deslocamento de trabalho, acionando o app para ida ou volta.

Dois terços (67%) afirmaram usar o serviço para chegar a terminais de ônibus, trens ou metrô, o que demonstra impacto particularmente nas rotas que conectam bairros aos sistemas estruturais.

Os aplicativos ofereceram tarifas promocionais nos primeiros meses do ano, o que pode ter influenciado os resultados: 55% disseram que o mototáxi é mais barato que outros transportes.

A principal razão para escolher esse meio foi chegar mais rápido e evitar o trânsito, apontado por 77% dos usuários, que relataram economizar em média 84 minutos nos dias em que usaram o serviço.

Posição da Prefeitura

A Prefeitura de São Paulo declarou-se contrária ao mototáxi na cidade, qualificando-o como transporte não regulamentado e perigoso, com muitos acidentes e mortes. informou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal para suspender a decisão que autorizou o serviço.

De acordo com a administração municipal, a frota de motocicletas cresceu 56% nos últimos dez anos, passando de 833 mil em 2014 para 1,3 milhão em 2024. O número de óbitos também aumentou 20% de 2023 para 2024, superando até homicídios. No ano passado, foram investidos cerca de R$ 35 milhões no tratamento de vítimas de acidentes de moto.

As áreas jurídicas e técnicas da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte continuam avaliando a situação.

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