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Motta enfrenta críticas após decisão na Câmara sobre Glauber e Zambelli
O dia seguinte às votações que absolveram Carla Zambelli (PL-SP) da cassação e suspenderam Glauber Braga (PSOL-RJ) por apenas seis meses destacou para o Centrão, a oposição e a esquerda que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), perdeu o comando do plenário, saindo enfraquecido do episódio. O presidente da Câmara foi procurado, via assessoria, mas não se pronunciou.
As votações causaram insatisfação tanto ao ex-presidente da Casa e líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quanto à oposição. Motta foi criticado nos grupos de WhatsApp das bancadas do PL e PP, onde deputados expressaram desgosto com a condução da Casa.
Na votação que preservou Glauber da perda de mandato, a maior reclamação veio do Centrão. O deputado do PSOL é um dos principais oponentes de Lira, a quem atribui a articulação para sua cassação. Líderes de partidos centristas afirmam que havia um acordo entre Lira e Motta para que o atual presidente da Casa conduzisse o processo contra o psolista.
Diante da dificuldade de Motta em reunir votos para cassar o mandato de Glauber, o Centrão reformulou uma estratégia para evitar desgaste ao presidente da Casa. No plenário, após Motta orientar seu grupo a votar pela suspensão de seis meses, lideranças aliadas passaram a informar suas bancadas da necessidade de apoiar essa suspensão ao invés da cassação. Para um líder do Centrão, isso evidenciou a fragilidade de Motta.
Um deputado revelou em reserva que essa negociação foi delicada, pois poderia gerar conflitos com Lira, que fora grande articulador da candidatura de Motta. Em um grupo do PP, Lira criticou a postura, mencionando falta de controle do plenário e chamando a situação de ‘confusão’. O GLOBO teve acesso a trechos dessas mensagens, nas quais Lira expressou também lamentação pela exposição negativa de Motta.
O ex-presidente da Câmara lamentou a ausência de solidariedade dos colegas para com Motta, que teve sua autoridade contestada quando Glauber tentou obstruir os trabalhos sentando na cadeira da presidência. Lira afirmou nas mensagens que Motta foi exposto de forma inaceitável, evidenciando seu enfraquecimento político.
O comentário de Lira repercutiu entre líderes da Casa, que avaliam que Motta tem subestimado o ambiente político e insistido em pautas arriscadas sem a adequada articulação.
Um líder do Centrão afirmou que a cassação de Glauber era considerada certa devido ao comportamento dele em plenário e comissões, que irrita muitos deputados. Segundo esse parlamentar, havia votos suficientes, porém faltou competência política do presidente da Câmara. Em suas palavras, ao não conseguir cassar o psolista, Motta “falhou em um lance decisivo”.

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