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Motta mantém aproximação com bolsonarismo, afasta esquerda e preserva apoio de Lula para 2026

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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), renovou sua aproximação com o bolsonarismo e se distanciou da esquerda, tensionando ainda mais a relação com o Palácio do Planalto durante a votação do projeto que reduz penas para quem participou da trama golpista, além do avanço na tentativa de cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ).

Motta foi eleito para o comando da Câmara com amplo apoio dos partidos e tem buscado, desde o início, equilibrar as demandas do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro, fazendo concessões para ambos os lados.

No entanto, tanto governistas quanto aliados do parlamentar avaliam que, em momentos decisivos, ele tem favorecido mais a oposição, intensificando a desconfiança do governo e parlamentares da esquerda.

Motta tentou levar adiante a cassação de Braga, mas recuou diante do risco de derrota no plenário, especialmente em um momento de questionamento à sua autoridade entre deputados. Para evitar a rejeição da cassação, foi negociada uma alternativa com a suspensão do mandato do psolista por seis meses.

Além desse episódio, outras decisões do presidente da Câmara foram vistas como alinhadas à oposição, como a derrubada do decreto presidencial sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, a aprovação da urgência do projeto da anistia e escolhas como a do relator do projeto Antifacção, Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Tarcísio de Freitas no governo de São Paulo.

Essas atitudes geraram críticas em parte da opinião pública e mobilizaram também o PT. Segundo relatos, integrantes do Planalto e o próprio Lula demonstraram insatisfação com essa postura. Após a aprovação do texto de Derrite, Motta anunciou o rompimento com os líderes do PT, Lindbergh Farias, e do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ).

Por outro lado, seu grupo destaca que Motta não deseja romper com o governo, enfatizando um equilíbrio nas decisões e ressaltando que ele é um deputado de centro-direita, mais alinhado à oposição.

Foco nas eleições

O entorno do deputado afirma que ele conta com o apoio de um bloco de 275 parlamentares, que fortalece sua posição na Câmara e o capacita a tomar decisões sem depender do apoio da esquerda ou da direita.

Deputados próximos também destacam que as eleições na Paraíba no próximo ano são um fator que leva Motta a evitar rompimentos com a esquerda, já que trabalha para que Lula apoie seu pai, o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos-PB), na disputa ao Senado. Em 2022, o petista obteve 66,6% dos votos no estado, contra 33,4% de Bolsonaro.

Como demonstração do esforço para manter equilíbrio, Motta anunciou a apresentação ao plenário do projeto de redução de penas para os envolvidos no episódio de 8 de janeiro, contrariando o Executivo, e o prosseguimento da cassação de quatro deputados, entre eles três bolsonaristas: Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ).

Motta também indicou que a Câmara votará matérias prioritárias do governo federal, especialmente na agenda econômica, como a punição ao devedor contumaz e a redução de benefícios tributários para empresas em 10%, atendendo pedidos dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais). A aprovação da sanção que penaliza empresas que usam a sonegação de impostos para avantajamento empresarial foi celebrada por Haddad.

Segundo fontes próximas, o andamento dessa pauta econômica reforça que Motta reconhece as demandas do Executivo e busca auxiliar o governo na aprovação desses temas.

Pressão da esquerda

Na terça-feira, Glauber Braga protestou ocupando a cadeira da presidência da Câmara, afirmando que não deixaria o local, em ato que visava expor Motta, que até então não havia punido bolsonaristas que interromperam os trabalhos da Casa por cerca de 30 horas em agosto.

Braga foi retirado à força por agentes da polícia legislativa, enquanto a transmissão pela TV Câmara foi suspensa e jornalistas foram impedidos de filmar a cena. Apesar dos apelos do governo, Motta manteve a sessão e votou o projeto da dosimetria das penas.

Parlamentares de esquerda intensificaram críticas ao presidente da Câmara, questionando sua autoridade e qualificando sua condução como insuficiente. Lindbergh Farias chegou a declarar que Motta estaria perdendo a capacidade de liderar a Casa.

Deputados governistas mencionam que a relação entre Motta e o Planalto entrou em um ponto sem retorno, destacando sua instabilidade, fragilidade no plenário e vulnerabilidade às pressões externas.

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