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MP de Contas aponta gastos excessivos e compras irregulares na Assembleia de SP

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Alesp pagou em 2015 R$ 583 mil de auxílio-funeral a quem não é funcionário; Procuradora questiona 4 mil cargos comissionados. Capez diz que críticas são ao ‘sistema’.

Relatório do Ministério Público de Contas do estado de São Paulo aponta uma série de gastos irregulares e compras feitas sem licitação na Assembleia Legislativa estadual em 2015. O documento destaca “gastos excessivos, em duplicidade e/ou impróprios” e “a inadequada, descabida e desproporcional manutenção de excessivo número de cargos em comissão”, que são mais de 4 mil.

O documento também questiona o que o MP considera concessão indevida de benefícios, como vale-alimentação e auxílio-funeral a aposentados, afastados ou funcionários de outros órgãos. O parecer, elaborado pela procuradora de contas Élida Graziano, aponta ainda problemas na forma como os pagamentos são contabilizados, além do reembolso de R$ 6,9 milhões por indenizações médicas, compras de combustível e de material odontológico sem licitação e a sem devida explicação para a dispensa. Os valores, segundo o MP, somam mais de R$ 645,98 mil.

Também há falhas no pagamento de férias a funcionários. Um dos exemplos citados é o caso de um servidor aposentado de outro órgão do governo que recebeu R$ 85 mil de férias da Alesp. Uma funcionária em cargo de comissão também recebeu R$ 12 mil de licença-prêmio a qual não teria direito, segundo o MP.

MP questiona 17 pontos

A procuradora pede que a Alesp apresente, “diante das falhas graves constatadas que permanecem carências de justificativas”, respostas a 17 pontos. Entre eles, está a manutenção indevida do que o Ministério Público de Contas considera excessivo número de cargos comissionados (eram 4.099 em 30 de julho de 2015, frente 1.031 efetivos) e falta de transparência na prestação de contas das verbas de representação dadas aos deputados.

Como o controle interno da Assembleia permite lançamentos futuros, em verificações realizadas em 4 momentos diferentes entre 16/4/2015 e 07/01/2016, os gastos relativos ao primeiro trimestre de 2015 com combustíveis variaram de R$ 296,3 mil em 16/4 para R$ 411,1 mil, em 07 de janeiro de 2016.

Caso a Alesp não responda o que foi feito para corrigir os erros e do que se tratam os gastos irregulares não explicados, o MP recomenda a aplicação de multa a quem autorizou as despesas, além do risco de votação das contas como estão, recomendando pela irregularidade na prestação de contas.

A Procuradora também reclama que todo o processo de prestação de contas da Alesp daquele ano ocorreu sem que o MP de Contas pudesse se manifestar, o que descumpre a Constituição Federal e que poderia implicar na nulidade do processo.

Em nota, o presidente da Assembleia, Cauê Macris (PSDB), afirma que tomou ciência do parecer do MP sobre as contas de 2015 (naquele ano, o presidente da Alesp era o deputado Fernando Capez, também do PSDB). Segundo a atual presidência, será criada uma controladoria interna para acompanhar as contas (veja a íntegra da nota no final desta reportagem).

Gastos com servidores

A procuradora também questiona uma lei estadual que concede aos servidores da Assembleia auxílio-alimentação mesmo a servidores que estão afastados das funções ou em férias, enquanto que já há decisão do Supremo Tribunal Federal concedendo a indenização de vale-alimentação apenas a servidores efetivamente em exercício.

Outro apontamento feito é que a contabilidade de despesas com pessoal inativo (aposentados, inválidos e afastados) entre maio de 2015 e abril de 2016 não seguiu os parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta categoria recebeu R$ 215 milhões no período, sem que houvesse explicações sobre por que os valores foram incluídos de forma genérica, sem especificações de despesas vinculadas.

A procuradora também questiona R$583 mil pagos em auxílio-funeral a mortos que não eram funcionários da Alesp, mas sim, de outros órgãos do governo estadual. “Igualmente obscura encontra-se a situação das despesas com auxílio-funeral, uma vez que não traz uma relação detalhada dos beneficiários, tampouco permite aferir o vínculo imediato estabelecido entre esses e o órgão jurisdicionado em questão. Causa profunda estranheza ao Parquet de Contas a concessão do benefício assistencial em comento a ativos e inativos de outros poderes, o que não encontra amparo no ordenamento de regência”, afirma a procuradora de contas.

Veja a nota da Alesp:

A Assembleia Legislativa de São Paulo tomou ciência do parecer emitido pelo Ministério Público de Contas, que faz apontamentos sobre as contas do exercício 2015.

Antes mesmo do parecer, o atual presidente Cauê Macris (PSDB), firmou publicamente compromisso de criar a Controladoria no Parlamento Paulista. O projeto que cria o órgão – exclusivamente com funcionário efetivos, sem a criação de cargos comissionados – está em fase final de elaboração.


O aplicativo Fiscaliza Cidadão, que disponibilizará em Smartphones dados como placas dos carros oficiais, gastos dos gabinetes e funcionários dos gabinetes será entregue nos próximos dias.


A atual Mesa Diretora analisa os apontamentos feitos pelo Ministério Público de Contas, com o intuito de aperfeiçoar e dar total transparência aos processos internos da Casa.”

Veja nota do ex-presidente da Alesp Fernando Capez:

“Não se trata de irregularidades, mas de críticas ao sistema da Casa. O parecer aponta questões institucionais que serão respondidas pelos órgãos competentes. O processo de criação da controladoria foi iniciado em 2016.

A Lei Complementar que instituiu as gratificações é de 2007.”

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