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Mudança do Teatro de Contêiner gera novo conflito com a prefeitura

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Com apenas 15 dias para mudar a sede do Teatro de Contêiner, a Cia Mungunzá se depara com um novo problema: o custo para transferir o teatro para o terreno que a Prefeitura de São Paulo ofereceu. Segundo a companhia, o valor para desmontar, transportar e montar novamente os contêineres foi calculado em R$ 2 milhões pela própria administração municipal.

A prefeitura, por sua vez, informou que não assumiu o compromisso de pagar pela desmontagem e montagem do teatro no local novo. “Foi oferecida uma ajuda de R$ 100 mil para a mudança. Qualquer outra informação é falsa”, declarou a gestão municipal em nota.

O conflito começou em maio deste ano, quando os artistas receberam uma notificação extrajudicial de despejo com prazo de 15 dias para desocuparem o terreno na Santa Ifigênia, centro de São Paulo.

Em setembro, a Justiça de São Paulo deu 90 dias para a Cia Mungunzá desocupar o endereço na Rua dos Gusmões. “O grupo teatral tem se mostrado irresponsável ao criar empecilhos para a saída do local perto do prazo determinado pela Justiça”, afirmou a Prefeitura.

A administração municipal também afirmou que “considera tomar todas as medidas necessárias para garantir o cumprimento da decisão de despejo”.

Além do custo da mudança, a Cia Mungunzá teme um novo despejo no terreno oferecido pela prefeitura, localizado na Rua Helvétia. O grupo pediu a cessão do terreno por 30 anos, mas recebeu uma contraproposta de apenas 2 anos.

“Nessas condições, não temos como avançar. Não podemos transferir o teatro para um endereço de onde podemos ser removidos a qualquer momento”, explicou a companhia em post nas redes sociais. “Durante todo o segundo semestre de 2025, buscamos diálogo e sensibilidade da prefeitura sobre a importância do Teatro de Contêiner, mas só encontramos inércia, negativas isoladas e fomos tratados como infratores, mesmo após mais de dez anos de parceria e trabalho conjunto.”

Protesto e Confronto

Em 19 de agosto, um protesto de artistas vinculados ao teatro acabou em confronto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Vídeos mostram agentes usando escudos e spray de pimenta contra manifestantes. Em uma das gravações, um agente aponta uma arma para o grupo presente.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a atuação da Prefeitura de São Paulo.

Disputa entre Companhia e Prefeitura

No começo de agosto, a Cia Mungunzá recebeu a notificação para desocupar o espaço do Teatro de Contêiner. O documento foi assinado pelo subprefeito da Sé, Coronel Salles, e o prazo de 15 dias terminou em 21 de agosto.

Em maio, a companhia foi avisada via notificação extrajudicial da prefeitura, que alegou que a área é estratégica para um novo programa habitacional.

O terreno onde funciona o teatro é público e ocupado pelo grupo desde 2016. A prefeitura declarou que pretende usar o espaço para moradia social e que sugeriu outros imóveis para a companhia, mas a Cia foi surpreendida pela decisão.

Em entrevista, um dos atores da companhia, Marcos Felipe, afirmou que o teatro passou por inúmeros desafios em diálogo com a prefeitura, e em quase uma década já promovem milhares de ações artístico-sociais.

A prefeitura informou que a ação de despejo foi motivada pela ocupação ilegal de um edifício vizinho, interditado e a ser demolido, acessado clandestinamente pelo terreno do teatro, e que foi necessária a intervenção para preservar o imóvel.

Sobre o Teatro de Contêiner

O espaço do Teatro de Contêiner é formado por 11 contêineres marítimos e em quase 10 anos de existência já recebeu indicações a prêmios nacionais e internacionais.

Os artistas afirmam que não é justo que em São Paulo haja muitos prédios e terrenos vazios enquanto a prefeitura escolhe desocupar um local que serve para cultura e desenvolvimento social.

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