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Mudanças climáticas causam milhares de mortes no verão europeu

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Pesquisadores afirmam que mais de 15.000 mortes podem ser ligadas às mudanças climáticas durante o verão no hemisfério norte, que corresponde ao inverno no Brasil, nas principais cidades da Europa. Este estudo é preliminar, mas já recebeu reconhecimento de outros especialistas.

O levantamento abrange 854 cidades europeias, concluindo que as alterações climáticas foram responsáveis por 68% das 24.400 mortes atribuídas ao calor neste verão, conforme relatório divulgado em 17 de julho por dois institutos britânicos: Imperial College London e London School of Hygiene & Tropical Medicine.

Entre 15.013 e 17.864 óbitos relacionados ao calor durante o verão não teriam ocorrido sem o aquecimento global nas cidades analisadas, que representam cerca de um terço da população europeia.

Esta é a primeira estimativa abrangente que avalia os impactos do calor extremo na saúde durante um verão europeu marcado por altas temperaturas. Diversas ondas de calor foram registradas, e este foi o verão mais quente já documentado em países como Espanha, Portugal e Reino Unido.

Os efeitos do calor intenso na saúde incluem agravamento de problemas cardiovasculares, desidratação e distúrbios do sono, com risco elevado principalmente para os idosos.

É importante interpretar os números com cautela, pois este tipo de estudo oferece uma estimativa rápida, sem a análise completa que uma publicação científica formal exigiria.

Para tal conclusão, os pesquisadores criaram um modelo que avalia a influência da crise climática nas temperaturas elevadas do verão, estimando que sem as mudanças climáticas, as médias teriam sido 2,2°C mais baixas nas localidades afetadas.

Comparando estes dados com informações históricas sobre mortalidade relacionada ao calor, verificou-se que o aquecimento global causou mais de 800 mortes em Roma, mais de 600 em Atenas e mais de 400 em Paris. No geral, mais de 85% das mortes ocorreram em pessoas com mais de 65 anos.

Segundo Garyfallos Konstantinoudis, coautor do estudo, em entrevista coletiva, ondas de calor de apenas 2 a 4°C a mais podem ser mortais, referindo-se aos picos de temperatura como “assassinos silenciosos”.

Os dados não contemplam o aumento total da mortalidade observado na sequência, mas fornecem uma estimativa robusta da relação entre calor e mortes. Um estudo publicado na revista Nature Medicine indicou que o fenômeno contribuiu para cerca de 47.000 óbitos na Europa em 2023.

A coautora Friederike Otto admitiu a dificuldade para obter estatísticas em tempo real, mas assegurou que as estimativas são confiáveis.

Especialistas que não participaram do estudo também validaram o método empregado e apontaram que os números podem subestimar a real gravidade do problema. Akshay Deoras, especialista em ciências atmosféricas, explicou que os métodos científicos adotados são sólidos e cautelosos, sugerindo que o número verdadeiro de mortes pode ser ainda maior.

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