Mulher morre após ser arrastada por 1 km e perder as pernas

Após passar quase um mês hospitalizada depois de ser atropelada e arrastada pelo ex-companheiro na Marginal Tietê, em São Paulo, Tainara Souza Santos, de 30 anos, faleceu na noite da quarta-feira (24/12), no Hospital das Clínicas. O crime aconteceu no final de novembro e o suspeito foi detido.

Descrita por familiares e amigos como uma pessoa alegre, simpática e de bom coração, Tainara cuidava sozinha de seus dois filhos, um garoto de 12 anos e uma menina de 8 anos.

Logo após o ocorrido, a amiga de infância Letícia Dias contou que Tainara gostava de se divertir com as amigas e os filhos e trabalhava na produção de uma agência de comércio eletrônico. “Ela estava planejando várias coisas para sua vida, mas infelizmente veio essa tragédia”, lamentou Letícia.

A confirmação da morte veio pelas redes sociais, através de familiares e do advogado da vítima, Fábio Costa. A causa do falecimento foi falência múltipla dos órgãos, e o velório está marcado para esta quinta-feira (25/12).

Tainara teve as duas pernas amputadas após ser arrastada por mais de 1 km. O suspeito, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso em um hotel na zona leste da capital paulista em 30 de novembro.

Na última segunda-feira (22/12), Tainara passou por uma nova amputação na altura da coxa para reconstrução parcial dos glúteos.

A mãe da vítima escreveu nas redes sociais: “É com muita dor que anunciamos que nossa guerreirinha, a Tay, nos deixou. Ela descansou. Agradeço a todos pelas mensagens de oração, carinho e amor dadas a mim e à minha filha. Ela partiu deste mundo cruel e está com Deus. É uma dor imensa, mas o sofrimento acabou. Agora, só resta pedir justiça.”

Câmeras de segurança capturaram o momento em que Tainara foi atropelada e arrastada por Douglas Silva. Nas imagens, a mulher caminha a pé com outro homem quando é atingida por um veículo preto.

Letícia Dias explicou que a vítima perdeu um dos pés quando foi arrastada. “O médico tentou salvar o pé dilacerado, mas não foi possível. Infelizmente, precisou amputar ambas as pernas”, lamentou a amiga, explicando que as amputações ocorreram em níveis diferentes nas pernas de Tainara.

Além disso, Letícia mencionou que houve um inchaço cerebral, mas que uma tomografia indicou que o edema não era grave.

Versão do suspeito

Durante o interrogatório, o suspeito declarou estar “profundamente arrependido” e afirmou que não conhecia Tainara Souza Santos.

Douglas relatou que estava em um bar na noite de sexta-feira (28/11), envolveu-se em uma briga para defender um amigo chamado Kauan, após um conflito com o namorado de Tainara. Ele disse ter sido atingido na face com uma garrafa e ter sido ameaçado de morte.

Douglas afirmou que, ao deixar o local com o amigo, viu Tainara acompanhada de outro homem. Segundo ele, ao tentar sair, acabou atingindo a mulher com o carro. Ele percebeu um suposto problema mecânico no veículo, mas não notou que Tainara estava debaixo do carro.

Ele disse ter parado em um posto de combustível, momento em que a vítima se soltou do veículo, mas fugiu por medo de represálias. Posteriormente, Douglas contou o acontecimento para familiares e consultou um advogado, que orientou a deixar o carro longe do local para entregá-lo às autoridades depois.

Douglas reservou um quarto em um hotel distante, onde foi detido no dia seguinte ao crime. No momento da prisão, ele tentou agredir um policial e acabou ferido no braço por disparos.

Investigação policial

As informações recolhidas pela polícia indicam que o homem conhecia Tainara e manteve um relacionamento casual com ela. O crime teria sido motivado por ciúmes e pela recusa em aceitar o término da relação.

Kauan tentou persuadir Douglas para que parasse o carro enquanto Tainara era arrastada na Marginal.

O delegado Augusto Bícego informou que Douglas não parou o veículo, e que Tainara só conseguiu escapar porque seu corpo se desprendeu do carro.

A irmã da vítima afirmou que Douglas a perseguiu por algum tempo e que eles nunca tiveram um relacionamento sério.