Domingo de carnaval a gente quer mesmo é diversão não é? A Amanda também queria. Ela foi com o namorado para um barzinho na Mooca, zona leste da cidade de São Paulo.

Só que, no meio da festa, o que era para ser uma folia de carnaval, virou um problema. Amanda conta que foi agredida por outras mulheres e levou chutes e socos.

Na verdade, um problema apenas não, daí para frente foram vários os problemas enfrentados pela Amanda. É porque, além de ter sido vítima de agressão, ela passou por algo que a gente chama de revitimização – aquele momento em que o Estado que deveria atender o cidadão, age como um segundo agressor.

Primeiro, a polícia desestimulou a vítima a registrar boletim de ocorrência. Chegando no distrito policial de numero 56, elas foram chamadas de “meninas de periferia” e foram obrigadas a esperar até 7h do dia seguinte porque “quem briga não tem pressa”.

O problema da Amanda não é novo. Em 2015, o Jornal da Manhã da jovem pan trouxe uma série de reportagens em que mostrávamos justamente essa dificuldade para registrar um boletim de ocorrência no Estado de São Paulo. “A senhora pode fazer pela internet”, sugeria a atendente, relatando necessidade de esperar “de duas a três horas”.

E, voltando ao episódio ocorrido com a Amanda, as agressões do Estado para com ela não terminaram. Depois da agressão, do desestímulo ao registro da ocorrência, do tratamento na delegacia, na segunda-feira, ela foi ao IML de Santo André para fazer um exame de corpo de delito.

Por lá, foi informada que, por causa do plantão de carnaval, apenas casos envolvendo a lei Maria da Penha seriam atendidos. Vítimas de tipos diferentes de violência deveriam se dirigir a alguma outra sede do IML para fazer o exame, ou, retornar somente na quarta-feira, após o término dos festejos.

Outro lado

A Secretaria de Segurança Pública informou em nota que não conseguiu localizar os registros, mas que “as queixas serão apuradas” e “não condizem com os protocolos de atendimento das polícias paulistas”.

Segundo a SSP, foi firmado “um convênio com o Ministério Público para capacitar melhor os policiais para o atendimento desse tipo de ocorrência”.

A nota ainda coloca à disposição as corregedorias “para a vítima formalizar a queixa”.