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Mulher que presenciou adolescente torturado até a morte relata ameaças

Uma mulher que testemunhou as agressões contra Alex Gabriel dos Santos, um adolescente de 16 anos, que foi torturado e morto após furtar e devolver um celular, em Pontal, no interior de São Paulo, relatou à polícia que está sendo ameaçada pela comunidade local após o crime.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), ela viu o adolescente furtando um celular que estava esquecido dentro do depósito de bebidas onde trabalha. Em seguida, ela indicou o endereço dele e foi até o local junto com o dono do aparelho, presenciando o sequestro do menor e as agressões, além de, supostamente, ter incentivado a violência.
Como colaborou com as investigações, o Ministério Público optou por não solicitar a prisão dela, mas a Justiça aplicou medidas cautelares. Ela se tornou ré no processo junto com quatro homens que participaram diretamente do homicídio de Alex, incluindo o dono do celular, conforme a denúncia.
“Após a execução dele, a mulher foi levada ao cativeiro, embora não soubesse das intenções do João Guilherme [dono do celular]. Conforme verificado nos autos, a testemunha tentou impedir as agressões contra a vítima, mas sendo uma mulher, no meio da madrugada, cercada por quatro homens, em um local isolado, pouco pôde fazer”, declarou o relatório da Polícia Civil.
O Ministério Público denunciou por homicídio qualificado – por motivo torpe, utilizando asfixia e tortura, e emprego de meio que dificultou a defesa da vítima – os seguintes acusados: João Guilherme Moreira, conhecido como Guizão; Jean Carlos Nadoly, cunhado de Guizão; Alex Sander Benedito do Amaral; Uanderson dos Santos Dias, apelidado Café; e uma mulher apontada como coparticipante.
O crime ocorreu na madrugada do dia 1º de junho, na Avenida Cristo Redentor. Inicialmente, a mãe de Alex Gabriel registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento, já que o adolescente não voltou para casa.
Segundo a denúncia, Alex estava no depósito de bebidas quando encontrou um celular colocado no balcão por um cliente. Ele mostrou o aparelho para a atendente do estabelecimento, que respondeu brincando: “De quem você roubou?”. Logo depois, o adolescente saiu com o celular.
Logo após, João Guilherme apareceu no depósito e perguntou à atendente sobre o celular esquecido. Ela informou que Alex tinha levado o aparelho e indicou onde ele morava. Os dois seguiram de carro para o endereço indicado pela atendente.
No local, Alex devolveu o celular imediatamente. Após pegar o objeto, João Guilherme ordenou que o adolescente entrasse em seu carro e o levou até um estábulo, na companhia da funcionária do depósito.
Assim que saiu do carro, João Guilherme Moreira, Alex Sander Benedito do Amaral, Jean Carlos Nadoly e Uanderson dos Santos Dias começaram a agredir violentamente o adolescente, atingindo suas pernas, cabeça e barriga.
De acordo com a promotoria, durante as agressões, a mulher afirmou que o adolescente teria roubado uma bicicleta de uma conhecida sua, o que incentivou os agressores a aumentarem a violência.
Segundo a denúncia, Uanderson aplicou golpes nas costas do jovem com um pedaço de madeira; Alex Sander também usou um pedaço de madeira e deu chutes; Jean deu socos e chutes; e João Guilherme usou um chicote para bater na cabeça da vítima.
João Guilherme ainda obrigou Alex a ajoelhar nas brasas de uma fogueira e amarrar suas mãos com uma corda que também foi enrolada em seu corpo.
Após as agressões, João Guilherme levou a mulher embora do local. Quando voltou, o jovem já foi amarrado novamente, desta vez com arame farpado. Colocaram um saco plástico na cabeça dele e amarraram um tijolo em seu peito.
Os agressores levaram Alex Gabriel, desacordado, até o Rio Pardo, onde abandonaram seu corpo. O local foi indicado por Jean Carlos, segundo o MPSP. O corpo foi encontrado pelas autoridades somente no dia 7 de junho, quase uma semana depois.

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