Conecte Conosco

Centro-Oeste

Mulheres ainda são minoria nos postos de trabalho do DF, revela pesquisa

Publicado

em

Pesquisa mostra que a população feminina em idade ativa no DF é maior do que a masculina, no entanto, ocupam menos cargos do que os homens. Especialista vê preconceito das empresas como uma das dificuldades na hora de contratar

Levantamento divulgado, ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que as mulheres são minoria no mercado de trabalho do Distrito Federal. Atualmente, há 1,4 milhão de mulheres em idade ativa no DF, isto é, pessoas do sexo feminino com 14 anos ou mais e em condições de trabalhar. Esse contingente representa 54,7% da População em Idade Ativa (PIA) do DF. No entanto, apesar de serem maioria, as mulheres ainda são a minoria entre a força de trabalho na capital do país. A parcela feminina economicamente ativa é de 49% enquanto a masculina representa 51%.

A pesquisa traz um panorama de 2024 em comparação a 2023. A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou no DF entre os dois anos. Em 2024, 58,3% das mulheres em idade ativa estavam inseridas no mercado de trabalho enquanto em 2023 a porcentagem era 57,8%. Apesar do crescimento, os homens ainda têm maior inserção no mercado, com 73,3% em 2024 e 72,5% em 2023.

Formada em estética, Giulia Catelli acredita que a dificuldade em conseguir emprego ainda está relacionada ao preconceito das empresas

Giulia cita a sobrecarga com os afazeres domésticos e os filhos(foto: Arquivo Pessoal)

Para Giulia Catelli, 27, moradora de Samambaia Sul, a dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho ainda está relacionada ao preconceito das empresas. “Muitas ainda acreditam que as mulheres rendem menos. Além do trabalho, elas continuam sobrecarregadas com os afazeres domésticos e os filhos, enquanto muitos homens conseguem focar mais no emprego. Também há a questão da maternidade, pois existem empresas que evitam contratá-las porque podem engravidar e se afastar por um tempo”, ressaltou.

A comunicadora Fernanda Pessoa, 22, trabalha como recepcionista e acredita que o preconceito e a discriminação de gênero ainda são entraves para o aumento da força feminina no mercado de trabalho. “A responsabilidade familiar ainda recai mais sobre a mulher. Isso já mostra uma desigualdade no tratamento entre homens e mulheres no ambiente profissional”, falou a moradora de Sobradinho.

Executiva de Recursos Humanos, palestrante e mentora, Gilmara Lopes analisa que, para que a equidade de gênero ocorra é preciso que algumas ações sejam adotadas pela sociedade e pelas empresas. “Um caminho é a flexibilidade e apoio à parentalidade (responsabilidades de quem se assume, como pai ou mãe, uma criança) como um padrão de mercado, e não um privilégio restrito a grandes empresas. Isso inclui revisar o tempo curto da licença paternidade, que reforça a ideia de que apenas a mulher deve se afastar e assumir os cuidados. Modelos de trabalho mais adaptáveis devem ser realidade em negócios de todos os tamanhos”, afirma. “É preciso que haja uma mudança cultural e mais sororidade para que mulheres no poder não apenas ocupem cargos, mas abram caminhos para outras, sem reproduzir modelos masculinos de liderança”, acrescenta.

A encarregada de limpeza Marineide Gomes, 45 anos, conta que uma das maiores dificuldades é a falta de formação, e inclusive, foi um obstáculo para seu crescimento dentro da empresa onde trabalha há anos. “Já tive oportunidades de crescer, mas não tenho estudo para assumir determinado cargo. Se eu tivesse formação, acredito que já teria subido de posição. Muitas mulheres passam por isso, porque cuidar de filhos, da casa e estudar ao mesmo tempo é muito difícil”, contou a moradora do Paranoá.

Diferença salarial

O levantamento mostra ainda que a diferença salarial entre homens e mulheres diminuiu nos últimos dois anos. Segundo a pesquisa, em 2024, os rendimentos médios reais de mulheres e homens correspondiam a R$ 4.183 e R$ 5.319, respectivamente. Em 2023, os valores correspondiam a R$ 4.046 e R$ 5.382.

Advogada trabalhista da Ferraz e Passos Consultoria, Cristina Pena avalia que, em muitos casos, as mulheres continuam a ser subvalorizadas em suas funções, mesmo quando desempenham o mesmo trabalho que os homens. “Essa disparidade é ainda mais acentuada em cargos de liderança e funções mais complexas, muitas vezes devido à falta de transparência salarial nas empresas, o que dificulta a detecção e correção das desigualdades”, observa. “Outro obstáculo importante é a segregação ocupacional, onde as mulheres ocupam predominantemente os setores com remuneração mais baixa, enquanto os homens dominam áreas mais lucrativas”, comenta.

Correio Braziliense

 

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados