Mulheres brasileiras eram exploradas sexualmente na Espanha com até 15 clientes por dia

Vinte e oito brasileiras que foram resgatadas pela Polícia Nacional da Espanha na cidade de Álava eram mantidas em condições degradantes e forçadas a atender até 15 homens diariamente, conforme investigações em conjunto com a Polícia Federal (PF).

Na quarta-feira, dia 10 de dezembro, a Operação Alícia foi deflagrada para prender o grupo criminoso que aliciava essas mulheres no Brasil. Mandados foram cumpridos em São Paulo, Ubatuba, Jundiaí e Rio das Ostras, no Rio de Janeiro.

Três aliciadores, sendo um homem e duas mulheres, foram detidos no Brasil, além de outras duas pessoas presas na Espanha.

Segundo a PF, as vítimas eram prostitutas vulneráveis que trabalhavam em casas noturnas de várias cidades. Os aliciadores prometiam aos seus clientes estrangeiros melhores condições e mais ganhos, mas a realidade na Espanha era muito diferente.

Daniel Coraça, delegado da Polícia Federal, explicou que as passagens de retorno eram canceladas, os passaportes ficavam retidos pela quadrilha e as condições impostas eram degradantes.

Coraça acrescentou que as mulheres não podiam recusar clientes, eram obrigadas a atender até 15 vezes por dia, e se os clientes consumissem drogas, as vítimas também eram forçadas a usar, tudo sob ameaça constante, citando até mesmo familiares para intimidar as vítimas.

A quadrilha ainda transferia as mulheres regularmente entre cidades para despistar as autoridades. Elas eram mantidas em grandes casas sob vigilância contínua dos criminosos. Os clientes eram atraídos através de anúncios na internet, sem saber das condições enfrentadas pelas mulheres.

Os valores recebidos ficavam com a organização criminosa, e as mulheres recebiam uma quantia mínima, que ainda era descontada devido a uma dívida imposta pela hospedagem. Coraça relatou que essa dívida, cobrada em euros, era impagável para as vítimas.

As brasileiras foram libertadas em junho deste ano durante uma operação da Polícia Nacional Espanhola, que também libertou outras cinco estrangeiras. A partir deste resgate, as autoridades conseguiram identificar os responsáveis pelo aliciamento e demais envolvidos na quadrilha.