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Nasa explica porque Marte perdeu sua água

A Agência Espacial Americana (Nasa) divulgou recentemente uma descoberta inédita que explica por que Marte, que já teve água e condições para vida simples, tornou-se um planeta seco e desabitado. Antigos estudos indicavam que o planeta vermelho possuía água e até micróbios bilhões de anos atrás, mas não se sabia exatamente o motivo do desaparecimento dessa água.
De acordo com a Nasa, a causa principal foi um fenômeno chamado pulverização catódica, um choque de partículas elétricas com a atmosfera marciana. Esse processo ocorreu no começo da história de Marte, quando o Sol emitia atividade muito mais intensa.
O estudo explica que, quando Marte perdeu seu campo magnético protetor, sua atmosfera ficou exposta demais ao vento e tempestades solares. Isso provocou o desgaste da atmosfera, tornando a água líquida instável na superfície, que então escapou para o espaço.
Em outras palavras, partículas carregadas do vento solar atingiram a atmosfera marciana, causando uma erosão semelhante à do vento e chuva na Terra. Shannon Curry, pesquisador da Universidade do Colorado e autor principal do estudo, compara o processo a uma bola de canhão sendo jogada numa piscina: os íons pesados do Sol colidem rapidamente com a atmosfera, dispersando átomos e moléculas neutras.
Apesar de indícios prévios da pulverização catódica, essa foi a primeira vez que o fenômeno foi observado diretamente. A equipe da Nasa usou medições feitas pela espaçonave Maven, que carregava três instrumentos específicos para analisar esse processo: analisador de íons do vento solar, magnetômetro e espectrômetro de massa para gases e íons neutros.
Esses instrumentos permitiram captar dados durante diferentes momentos do dia e a baixas altitudes, o que levou anos para ser possível. Combinando as informações, os cientistas criaram um mapa do argônio espalhado pela pulverização causada pelo vento solar.
O mapa revelou argônio em grandes altitudes justamente nos pontos onde as partículas solares atingiram a atmosfera, mostrando o fenômeno em tempo real. Além disso, descobriram que essa perda atmosférica ocorre em uma taxa quatro vezes maior do que se estimava anteriormente e aumenta durante tempestades solares.
Os resultados foram publicados na revista Science Advances e representam um avanço significativo na compreensão da evolução de Marte e das condições que levaram à sua aridez.

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