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Negociações entre Kiev e Washington continuam em Miami apesar de ataques russos
Representantes da Ucrânia e dos Estados Unidos se encontram em Miami pelo terceiro dia consecutivo neste sábado (6) para discutir o plano do ex-presidente Donald Trump para encerrar o conflito na Ucrânia, enquanto as tropas russas mantêm seus intensos ataques.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, informou que teve uma conversa telefônica “muito produtiva e construtiva” com o enviado de Trump, Steve Witkoff, e seu genro Jared Kushner, além dos negociadores ucranianos que estão na Flórida, Rustem Umerov e Andrii Hnatov.
“A Ucrânia está dedicada a continuar colaborando de boa fé com a parte americana para alcançar uma paz verdadeira. Concordamos com os passos seguintes e com o formato das discussões com os Estados Unidos”, escreveu Zelensky em seu canal no Telegram.
Witkoff e Kushner estiveram na terça-feira no Kremlin para uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, mas o encontro não resultou em avanços claros para resolver o conflito que teve início com a invasão da Rússia em fevereiro de 2022.
Um resumo divulgado por Witkoff no X destacou que “ambos os lados concordam que qualquer progresso real em direção a um acordo depende do compromisso genuíno da Rússia com uma paz duradoura”.
Contudo, na madrugada deste sábado, Moscou lançou mais de 700 drones e mísseis contra alvos energéticos e ferroviários na Ucrânia, deixando milhares de famílias sem aquecimento e água.
O Ministério da Defesa da Rússia declarou que os ataques tiveram como foco “instalações do complexo militar-industrial ucraniano e infraestruturas energéticas associadas”, afirmando que todos os objetivos foram atingidos.
“O objetivo da Rússia é causar sofrimento a milhões de ucranianos”, disse Zelensky no X, acrescentando que é necessária uma pressão maior.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que se reunirá na segunda-feira, em Londres, com Zelensky, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o chanceler alemão Friedrich Merz para avaliar as negociações em andamento.
“Devemos continuar aumentando a pressão sobre a Rússia para que ela aceite a paz”, declarou Macron.
O plano inicial dos EUA propunha que a Ucrânia cedesse territórios não conquistados pela Rússia em troca de garantias de segurança que não contemplavam a adesão à OTAN, proposta criticada por aliados europeus da Ucrânia por ser considerada muito branda com Moscou.
O Kremlin afirmou que a reunião entre os enviados americanos e Putin representou algum avanço, porém ainda há “muito a ser feito” para alcançar uma solução.
Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, comentou no X que, apesar das negociações estarem ocorrendo, as posições permanecem firmes.
Ele destacou que “a Ucrânia deseja o fim do conflito e está aberta ao diálogo” enquanto “os EUA buscam um processo pragmático e um encerramento rápido da guerra, com concessões de ambos os lados”.
Desde que reassumiu a Casa Branca em janeiro, Trump tem adotado uma postura ambivalente: inicialmente conciliador com Putin e crítico a Zelensky por suposta falta de gratidão, mas também frustrado por não ter conseguido que a Rússia encerrasse o conflito, recentemente aplicou sanções a empresas russas do setor energético.
Em visita recente à Índia, Putin qualificou as negociações como “complexas”, mas afirmou interesse em participar do plano de Trump em vez de dificultá-lo.
No campo de batalha, as forças russas avançam lentamente, com o Exército ucraniano enfrentando desvantagem em número de tropas e equipamentos.


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