Economia
Negócios familiares fortalecem a economia de Caruaru
As empresas de origem familiar continuam sendo um dos pilares da economia em Caruaru, ganhando cada vez mais relevância no cenário estadual. De janeiro a agosto de 2025, foram abertas 7.170 novas empresas na cidade, representando um crescimento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Com mais de 44,5 mil negócios ativos, Caruaru se firma como o principal centro empresarial e de serviços do interior de Pernambuco e o terceiro maior do estado.
Osíris Lins Caldas, presidente do Conselho Superior Deliberativo da Acic, destaca que o perfil dessas empresas reflete uma tendência nacional: “No Brasil, cerca de 90% dos negócios são familiares, e Caruaru segue essa linha. A maioria está na primeira geração, mas já se percebe uma evolução consistente em sucessão e governança, principalmente em empresas médias e grandes. Caruaru, que nasceu em torno da feira, hoje é considerada uma mini capital”, explica.
Setores de Atuação
O empreendedorismo familiar está presente em diversos setores, como comércio varejista de vestuário, serviços administrativos, confecção, atendimento hospitalar, promoção de vendas e beleza.
Antônio Jorge Araújo, sócio do Cambridge Family Enterprise Group (GFEG), aponta que há uma transformação na mentalidade dos empresários locais. “O Agreste possui uma força empreendedora notável, mas chega um momento em que a intuição dos fundadores deve ser complementada por uma gestão mais estruturada. Em Caruaru, as famílias buscam mais do que apenas sobrevivência, querem perpetuar seu legado. Elas compreenderam que organizar a governança e preparar as futuras gerações são passos essenciais para competir nacionalmente e atrair investimentos”, analisa.
A força dessas empresas também se percebe na geração de empregos formais. Nos primeiros oito meses de 2025, Caruaru criou 3.238 novas vagas de trabalho, conforme dados do Caged, com destaque para o setor de serviços, que foi responsável por 1.668 destes empregos. O número evidencia a capacidade dos negócios locais em sustentar o crescimento econômico e atrair mão de obra, especialmente jovens entre 18 e 24 anos, faixa etária que concentrou mais de 2.100 contratações.
Jorge Jatobá, economista da Ceplan, ressalta que esse cenário não é por acaso. “O Agreste apresenta um mercado promissor, com predominância de pequenas e médias empresas que estão amadurecendo. Muitas têm décadas de história e enfrentam o desafio da sucessão. Isso retrata, numa única região, a evolução do capitalismo: negócios que começaram em família e agora se organizam de maneira moderna e competitiva”, comenta.
Geraldo Espíndola, empresário e acionista do Grupo Asa Branca, acredita que uma combinação de fatores sustenta a força econômica da cidade: vocação empreendedora, diversidade produtiva e localização estratégica. “Caruaru é um dos principais motores econômicos do interior pernambucano. O desafio atual é avançar em infraestrutura, inovação e qualificação, e as empresas familiares têm papel fundamental nesse processo”, afirma.
Antônio Jorge reforça que esse quadro coloca Caruaru em uma posição de destaque para o futuro. “A cidade é a prova viva de que o empreendedorismo familiar é o motor do desenvolvimento regional. O próximo desafio é equilibrar a tradição, que conduziu esses negócios até aqui, com a inovação necessária para os próximos anos. As famílias que investirem hoje na harmonia societária e na capacitação de seus herdeiros serão as protagonistas do próximo ciclo econômico de Pernambuco”, finaliza.


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