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Nenhum PM da Rota usava bodycam na morte de mecânico negro

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Nenhum dos policiais militares (PMs) da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) que participaram da ocorrência que resultou na morte do mecânico negro Alex dos Santos Silva, de 29 anos, estava usando bodycam (câmeras corporais) no momento dos disparos, realizados em uma rua escura e deserta no extremo sul de São Paulo no último dia 24.

Sem as imagens, a única versão oficial do ocorrido foi apresentada pela Polícia Militar no boletim de ocorrência (B.O.) que registrou o caso. Os detalhes foram passados por um agente que não participou da ação, mas trabalha no mesmo batalhão dos policiais envolvidos nos disparos: Mário de Cicco Filho, Luis Fernando Santos Correia e Ezequiel Scaffman Mota. Outro policial, Fernando Felix, também presente na ação, aparece como investigado no BO. Alex e os quatro PMs são registrados como autor e vítimas. Nenhum deles portava bodycam durante o episódio, conforme o registro policial.

Conforme o boletim, os policiais estavam em patrulhamento na Avenida Paulo Guilguer Reimberg quando notaram o veículo de Alex, que trafegava de forma suspeita e apresentou nervosismo. Os agentes pediram parada e, segundo a PM, Alex teria apontado um revólver em direção a eles, que dispararam buscando se defender. Os tiros foram feitos por Mário (fuzil), Ezequiel (duas pistola) e Luis (uma pistola), atingindo Alex no tórax e braço esquerdo.

De acordo com a PM, Alex portava um revólver calibre .38 sem numeração e uma mochila com substância aparente maconha, embora a quantidade e forma não tenham sido confirmadas. O carro, que não estava em seu nome e não tinha queixas de roubo, foi apreendido junto com itens pessoais, mas nenhum ligado oficialmente a ele. Alex chegou vivo ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

A perícia foi realizada pelo 101º Distrito Policial, e a investigação agora está sob responsabilidade do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo.

Versão da família

A esposa do mecânico, Eliana, nega que ele portasse arma ou drogas, alegando que a arma foi plantada pelos policiais. Ela contesta ainda a narrativa da intenção do marido de trocar tiros com a Rota e critica o boletim por tentar transferir a culpa para uma vítima inocente. Eliana diz que seguirá lutando para provar a inocência do marido.

Sobre o uso das câmeras

Apesar da utilidade da bodycam para esclarecer ocorrências, os policiais não eram obrigados a usá-las naquele momento, segundo uma resolução do Supremo Tribunal Federal (STF). A obrigatoriedade vale em situações específicas, como operações de grande porte, ações em comunidades vulneráveis, ou para responder a ataques contra policiais.

O luto da família

A mãe de Alex está profundamente abalada, assim como o filho do casal, de quatro anos, que sofre com a ausência do pai. Para a viúva, o amor entre pai e filho era muito intenso e marcante.

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