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Netanyahu discute trégua em Gaza com Trump
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem encontro marcado com Donald Trump na Flórida nesta segunda-feira (29). A reunião ocorre em um momento em que o presidente dos Estados Unidos busca incentivar o líder israelense a avançar para a próxima etapa do delicado acordo de cessar-fogo em Gaza.
O encontro acontecerá na residência de Trump, em Mar-a-Lago, enquanto membros da Casa Branca manifestam preocupação de que tanto Israel quanto o Hamas estejam adiando o progresso da segunda fase do cessar-fogo.
Trump anunciou que Netanyahu solicitou a reunião e deseja anunciar antes de janeiro a formação de um governo tecnocrático palestino para Gaza, além da criação de uma força internacional para manter a estabilidade na região.
De acordo com informações oficiais, o encontro começará às 13h00 no horário local (15h00 em Brasília).
A porta-voz do governo de Israel, Shosh Bedrosian, afirmou que Netanyahu pretende discutir a segunda etapa do acordo, que envolve o desarmamento do Hamas e a desmilitarização de Gaza.
No entanto, o primeiro-ministro também tentará redirecionar o foco da reunião para o Irã, durante seu quinto encontro com Trump neste ano nos Estados Unidos. Fontes indicam que o líder israelense quer pressionar por ações americanas mais incisivas contra o programa nuclear iraniano.
Segundo Bedrosian, Netanyahu destacará o risco que o Irã representa não somente para o Oriente Médio, mas também para os EUA.
Esta visita ocorre em meio a uma intensa agenda diplomática em Palm Beach, onde Trump recebeu no domingo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para tratar do fim da invasão russa.
O cessar-fogo em Gaza, estabelecido em outubro, é uma das principais realizações do primeiro ano de Trump desde seu retorno ao poder. Ainda assim, sua administração e os mediadores da região querem garantir que o progresso continue.
Representantes dos países mediadores — Catar, Egito e Turquia — se reuniram recentemente em Miami para tratar dos próximos passos.
Gershon Baskin, copresidente da comissão de construção da paz “Alliance for Two States” e participante de negociações secretas com o Hamas, afirmou que o momento é bastante importante e reforçou a necessidade de iniciar a segunda fase.
A primeira etapa do cessar-fogo exigia que o Hamas libertasse os reféns capturados no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, e a maior parte já foi liberada, exceto o corpo de um refém. Apesar disso, ambos os lados denunciam violações frequentes ao cessar-fogo.
Na segunda fase, espera-se que Israel retire suas tropas de Gaza, ao passo que o Hamas deve se desfazer de suas armas, o que é um ponto crítico de divergência.
Além disso, um governo provisório deverá administrar Gaza e uma força internacional de estabilização será ativada.
Segundo informações da mídia americana Axios, Trump planeja convocar o primeiro encontro de um novo “Conselho de Paz” para Gaza, com sua presidência, durante o Fórum de Davos, na Suíça, em janeiro.
Entretanto, funcionários da Casa Branca dizem estar cada vez mais frustrados, acreditando que Netanyahu tem dificultado o avanço do processo de paz.
O analista para o Oriente Médio da Chatham House, Yossi Mekelberg, aponta que a administração americana está preocupada com a lentidão da segunda fase e questiona as medidas que serão tomadas diante dessa estagnação.
Israel continua realizando ataques contra alvos do Hamas em Gaza e do Hezbollah no Líbano, apesar do cessar-fogo vigente. A questão da Síria também deverá ser pauta das discussões.
Mekelberg destaca que Netanyahu pode tentar desviar a atenção da questão de Gaza para o Irã, especialmente com as eleições se aproximando em Israel.
Ele afirmou que todas as ações do premiê estão relacionadas à sua permanência no poder, destacando a importância política desse momento para o veterano líder israelense.


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