Nível dos reservatórios de água na Grande São Paulo atinge baixa histórica desde 2015

Com apenas 38% do volume total, os sete reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo apresentam o menor nível registrado para o período desde a crise hídrica de 2015, quando chegaram a 11,4%, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Entre os dias 26 e 27 de agosto, o Sistema de Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), gerido pela Sabesp, registrou queda no volume de água em todos os sete sistemas: Cantareira caiu de 35,7% para 35,5%; Alto Tietê, de 30,3% para 30,1%; Guarapiranga, de 54,9% para 54,6%; Cotia, de 59,8% para 59,6%; Rio Grande manteve-se em 58,9%; Rio Claro diminuiu de 22,7% para 22,3%; e São Lourenço, de 56,1% para 55,8%.

A Sabesp anunciou que reduzirá a pressão da água entre 21h e 5h, medida autorizada pelo governo estadual devido à escassez de chuvas, visando minimizar desperdícios e evitar vazamentos. Essa iniciativa é temporária e preventiva, conforme determinação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

A redução da pressão diminui a quantidade de água na rede de abastecimento, o que ajuda a reduzir perdas por vazamentos. De acordo com João Jorge da Costa, especialista em saneamento, a pressão elevada durante a noite potencia o desperdício, embora essa medida possa trazer alguns transtornos, especialmente em áreas mais altas, onde a pressão da água pode se tornar insuficiente.

Nos últimos meses, as chuvas ficaram abaixo da média histórica para agosto, sinalizando uma possível nova crise hídrica. O especialista em gestão de recursos hídricos Antônio Carlos Zuffo, professor da Unicamp, prevê mais meses de clima seco e alerta para o impacto do fenômeno La Niña, que pode atrasar as chuvas em até dois meses. Além disso, ele destaca o Ciclo de Shwabe, relacionando sua atividade máxima com episódios anteriores de escassez de água no estado.

Apesar dos desafios, o sistema de abastecimento encontra-se mais resiliente em comparação com 2015, devido a melhorias na integração entre os reservatórios. Entre as principais obras está o Sistema São Lourenço, inaugurado em 2018, que capta água a 70 km da capital e abastece cerca de 2 milhões de pessoas em oito municípios, além da possibilidade de transpor água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, em casos emergenciais.