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No ritmo atual, enterramento de fios elétricos pode demorar 164 anos
São Paulo tem 41 mil km de cabos suspensos de energia elétrica e um decreto obriga a cidade a enterrar anualmente cerca de 250 km de cabos transmissores de luz por ano. Se o ritmo de enterramento continuar o mesmo, seria preciso 164 anos para concluir o serviço.
Desde outubro de 2006, há um decreto que classifica como obrigatório tornar subterrâneo todo o cabeamento instalado no município. A aplicação do decreto, no entanto, não é fiscalizada. “Ocorre que essa lei não tem multa ou sanção. Uma lei que não prevê que você seja multado se não fizer a obrigação pré-estabelecida não vai acontecer nada”, disse uma arquiteta e urbanista.
Com as chuvas, o elevado número de raios e os fortes ventos, típicos da época de verão, a cidade tem sofrido com constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica, telefone e televisão. A Prefeitura estima que mil árvores caíram em 20 dias. Parte delas atingiu a rede elétrica e contribuiu para que 800 mil imóveis ficassem sem energia elétrica após o temporal de segunda-feira (13).
O enterramento dos fios, que exige um investimento alto, poderia ter impacto nas tarifas de energia e ficou fora da Parceria Público-Privada (PPP) da iluminação pública. Segundo a Eletropaulo, cada metro linear de fiação que vai pro subsolo custa R$10 mil.
Um trecho da Avenida da Liberdade, no Centro, está entre os 3 mil km que já têm cabos subterrâneos. Por isso, diferentemente de outras regiões, comerciantes não têm sofrido com falta de energia apenas das chuvas e do granizo.
O Ministério Público investiga essa questão dos fios e cabos, mas o inquérito ainda está em fase de audiências.
A Eletropaulo, responsável pela distribuição de energia, disse, em nota, que aguarda informações de um programa de enterramento da rede aérea e que esse programa deve ser elaborado pela Prefeitura. Por outro lado, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras disse que a responsabilidade do enterramento é das concessionárias.
O vice-presidente de operações da Eletropaulo, Sidney Simonaggio afirmou, em entrevista divulgada em 7 de dezembro, que a empresa trabalha para criar possibilidades para que a rede seja enterrada.
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“Nós temos trabalhado com a Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica e com a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], que tem uma consulta pública aberta nesse momento pedindo informações de como se daria o processo de enterramento de rede, e até junto ao Senado existe um projeto de lei em tramitação para que haja esse enterramento de rede”, declarou.
“O enterramento de rede é uma exceção, não é uma norma mundial. Em alguns lugares do mundo, a gente tem rede enterrada. Em São Paulo, nós temos regiões com rede enterrada, mas a generalização disso é muito cara. A tarifa teria que dobrar, triplicar de valor se nós pretendêssemos ter toda a área de concessão enterrada”, afirmou com o vice-presidente de operações da Eletropaulo, Sidney Simonaggio, em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
A Eletropaulo, responsável pela distribuição de energia, não tem dados específicos da cidade de São Paulo, mas informa que, nos 24 municípios que atende, apenas 7% da rede é subterrânea, segundo reportagem do Bom Dia Brasil divulgada em 21 de julho do ano passado.
Simonaggio afirmou que a empresa trabalha para criar possibilidades para que a rede seja enterrada.
“Nós temos trabalhado com a Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica e com a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], que tem uma consulta pública aberta nesse momento pedindo informações de como se daria o processo de enterramento de rede, e até junto ao Senado existe um projeto de lei em tramitação para que haja esse enterramento de rede”, declarou.
Segundo o vice-presidente de operações da Eletropaulo, a empresa está trabalhando “proativamente” para que os fios passem por baixo da terra. “O enterramento de rede tem que ser feito nas áreas onde a densidade de carga é mais elevada, porque aí ele se justifica tecnicamente e tem que ser suportado não apenas pela tarifa de energia elétrica, pois, do contrário, seria dado um sinal econômico negativo para as indústrias, para o comércio”, afirmou.
Embora a Prefeitura defenda o enterramento dos fios, a iniciativa ficou fora da Parceria Público-Privada (PPP) da iluminação pública para a troca das 580 mil lâmpadas da cidade de São Paulo por LED. De acordo com a administração municipal, o alto custo do enterramento dos fios impossibilitaria a realização da PPP.
Por conta do temporal de segunda-feira, que durou cerca de 10 minutos e que teve rajadas de vento que atingiram 96 km/h, 360 árvores caíram em cerca de 24 horas, segundo levantamento da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. Os fortes ventos abalaram a estrutura de 600 árvores que caíram nos seis dias que seguiram o vendaval.
A queda de árvores deixou 500 mil consumidores sem energia elétrica neste período, segundo estimativa da Eletropaulo. A explosão na demanda por reparos fez com que a espera também aumentasse. Entre a noite de segunda (5) e terça-feira (6), um temporal que atingiu Osasco, na Grande São Paulo, fez com que o fornecimento de energia do Hospital Municipal Amador Aguiar ficasse interrompido por cerca de 10 horas. Cerca de 27 recém-nascidos estavam na Unidade de Terapia Intensiva ou semi-intensiva. Dois bebês precisaram de ventilação manual para continuar respirando. Neste caso, a Eletropaulo reconheceu uma falha no atendimento já que o reparo da rede da unidade de saúde não foi priorizado.
Dias antes, entre quinta (1º) e esta sexta (2), uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Campo Limpo, na Zona Sul da capital paulista, também ficou sem energia elétrica por 5h30 .
Os acidentes com fios rompidos também são frequentemente registrados pela imprensa. Em Santo André, no ABC, uma idosa de 65 anos foi internada em estado grave após encostar em um cabo que caiu após uma chuva.
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Os recorrentes problemas de falta de energia e demora nos reparos no estado fez com que o Procon decidisse autuar a Eletropaulo. O valor da multa, que ainda deve ser calculado, será de aproximadamente R$ 3 milhões.
Fonte: G1