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Norte-coreanos são os campeões da memorização

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A Coreia do Norte participou do campeonato mundial de memorização e, com 3 estudantes competindo, conquistou 7 medalhas de ouro, 1 de prata e 5 de bronze

Campeãs: As norte-coreanas exibem suas conquistas no campeonato mundial de memorização (Sebastien BERGER/AFP)

Sem dizer uma palavra, a norte-coreana Pang Un Sim examina um pacote de 52 cartas por um minuto e depois as vira para baixo. Ela começa então a classificar na ordem, sem errar uma sequer.

Atrás dela estão quatro troféus e muitas medalhas, a colheita norte-coreana no último campeonato mundial de memorização, em dezembro em Hong Kong.

Esta foi a primeira vez que Pyongyang participou, e o resultado foi mais do que convincente.

Com apenas três membros, todas estudantes, a delegação norte-coreana deixou a antiga colônia britânica com sete medalhas de ouro, uma de prata e cinco de bronze.

“Eu não diria que é fácil, mas se dedicar tempo e fizer um esforço, consegue memorizar”, diz Pang, de 22 anos, em entrevista à AFP na universidade Kim Hyong Jik de Pyongyang.

“Se você se diverte memorizando, não é tão difícil quanto o que as pessoas pensam”.

No campeonato mundial, Pang ficou no segundo lugar geral, entre mais de 260 participantes, atrás da chinesa Wei Qinru.

Entre suas proezas, a memorização em 30 minutos de uma sequência de 5.187 dígitos binários (0’s e 1’s), a de 1.772 cartas de baralho em uma hora.

No teste de velocidade, ela memorizou a ordem de um pacote de 52 cartas em 17,67 segundos.

Seu compatriota Ri Song Mi, que terminou em sétimo lugar, estabeleceu um novo recorde mundial ao memorizar 302 palavras em 15 minutos.

Organizadores surpresos

As três norte-coreanas alcançaram o Top 5 na prova decimal, que consiste em memorizar em uma hora a maior sequência de decimais. Duas delas bateram o recorde mundial anterior, com Pang memorizando um total de 3.240 dígitos.

Os organizadores ficaram surpresos com essa performance, que desconheciam.

“Elas chegaram e se inscreveram pouco antes do encerramento das inscrições”, declarou recentemente a uma revista o criador do campeonatos Tony Buzan.

“Nós não paramos de nos surpreender, porque em todas as dez provas uma norte-coreana chegou ao pódio”, explicou Buzan, que já morreu.

As técnicas de memorização são ensinadas no ensino médio na Coreia do Norte, observa Cha Yong Ho, o treinador da equipe.

Ele dirige o departamento de pesquisa sobre leitura rápida da universidade Kim Hyong Jik, onde as três membros da delegação estudam.

Muitos competidores recorrem ao processo mnemônico conhecido como Sistema Dominic, que permite memorizar longas sequências de números convertendo-os em pares de letras que são associadas a imagens, pessoas ou ações que compõem uma história.

Em seguida, para encontrar a sequência de números, contam a história imaginada e decifram este código.

“Por exemplo, o primeiro é um boi e o próximo é uma cama”, explica Pang à AFP.

“O boi dorme na cama e a cama treme porque um boi dorme ali”. “Esta é uma cena que eu posso imaginar. Uso minha imaginação”.

Os norte-coreanos, diz Cha, desenvolveram ainda mais esse método, trazendo mais variáveis, a fim de memorizar mais coisas e mais rapidamente.

“Usamos todos os nossos sentidos para essas associações”, explica. “Sensações, gosto, movimento, imaginação, rimas e tudo o que o cérebro é capaz”.

Participar do campeonato foi uma maneira de testar a técnica, revela.

A equipe norte-coreana treinou seis horas por dia durante dois meses antes do evento.

“Atribuo seu sucesso à determinação e disciplina nacional”, disse o presidente do campeonato, Raymond Keene.

Isolado diplomaticamente, o regime norte-coreano está sob severas sanções internacionais por causa de seus programas nucleares e balísticos. Mas as autoridades locais continuam a cultivar o orgulho nacional do país e a adoração de seus líderes.

“Não temos nada a invejar”, proclama uma canção muito popular.

“O campeonato me fez perceber como os coreanos são inteligentes”, disse Pang, acrescentando: “Nós éramos muito superiores aos concorrentes de outros países, e nossas técnicas de memorização foram suficientes.

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