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Nos 3 principais hospitais de SP, número de internações cai 20 mil em cinco anos

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Edson Lopes Jr/ (Arquivo) – A2 Comunicações

A maior baixa foi registrada na Santa Casa, onde as internações passaram de 33 mil para 22,7 mil nos cinco anos analisados

 

Principais unidades de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo e responsáveis pela formação de alguns dos maiores especialistas do País, os Hospitais São Paulo, das Clínicas e da Santa Casa de Misericórdia internaram, no ano passado, 20 mil pacientes a menos do que cinco anos antes.

Levantamento inédito feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, com base em dados do Ministério da Saúde divulgados no portal Datasus, mostra que entre 2011 e 2016 o número de doentes hospitalizados nas três unidades passou de 113,7 mil para 93,7 mil, uma queda de 17%. O dado chama ainda mais a atenção se considerado o aumento da população no período (2,9%) e o crescimento do grupo de paulistanos que perderam o plano de saúde por causa da crise econômica – fenômenos que indicam maior demanda pelos serviços públicos.

A queda nas internações é reflexo, em parte, da diminuição da realização de procedimentos eletivos (não urgentes), suspensos por falta de verba ou readequação do serviço prestado. A maior baixa foi registrada na Santa Casa, onde as internações passaram de 33 mil para 22,7 mil nos cinco anos analisados, uma redução de 31%. Desde 2014, a instituição passa por grave crise financeira, com dívida acumulada de cerca de R$ 800 milhões. No ano passado, cirurgias eletivas foram suspensas por tempo indeterminado.

Situação parecida vive o Hospital São Paulo (HSP), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Lá, o número de pacientes internados caiu de 25,3 mil para 22,2 mil entre 2011 e 2016, diminuição de 12%. O quadro deve piorar ainda mais neste ano, com o agravamento da crise financeira da unidade.

Desde abril, a direção do hospital já havia suspendido as cirurgias e internações não urgentes por falta de recursos para a compra de medicamentos, materiais e insumos. Na ocasião, o conselho gestor informou que seriam necessários mais R$ 18 milhões por ano do governo federal para dar conta do custeio.

Desativação

Sem novos repasses do Ministério da Saúde, o HSP decidiu, no mês passado, desativar metade dos leitos da unidade. “Tivemos de juntar unidades afins para trabalhar com o orçamento que temos. Com a junção, conseguimos economizar em despesas como energia e limpeza”, explica José Roberto Ferraro, diretor-superintendente do hospital, que hoje tem aberto apenas 370 dos 750 leitos existentes.

Embora também tenha registrado queda nas internações, o Hospital das Clínicas, vinculado à Faculdade de Medicina da USP, é o que tem situação menos desfavorável. A queda no número de pacientes hospitalizados por lá foi de 3,5%, passando de 50,5 mil para 48,7 mil.

O hospital diz, no entanto, que, somados os atendimentos de todos os institutos do complexo (como o Incor), houve aumento de 7,1% nas internações feitas no período. Ressalta ainda que, desde 2012, o pronto-socorro passou por reestruturação para atender mais casos graves, com risco de vida, nos quais o tempo de internação é maior.

Já a Santa Casa informou, em nota, que a queda dos atendimentos se deve à crise financeira já “conhecida pela imprensa”. A instituição diz que retomou significativamente sua produção e realiza mais de 340 mil procedimentos por mês.

Já o diretor-superintendente do Hospital São Paulo afirma que o conselho gestor trabalha para tentar retomar os atendimentos, mas depende da liberação de mais verba federal. “Estamos fazendo nossa parte. Por exemplo: otimizando recursos e fechando vagas de profissionais que pedem demissão. Não queremos fechar leitos, mas esse foi o caminho que encontramos para não parar o atendimento nem colocar os pacientes já internados em risco.”

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