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Nova líder interina do Nepal promete combater a corrupção

A nova líder interina do Nepal comprometeu-se, neste domingo (14), a atender as reivindicações dos manifestantes para eliminar a corrupção no país, após protestos que resultaram em mais de 70 mortes.
Na última semana, o Nepal, uma nação himalaia com uma população de 30 milhões, foi cenário de tumultos antigovernamentais que culminaram no incêndio do Parlamento e na renúncia do então primeiro-ministro.
“Precisamos agir conforme o pensamento da ‘Geração Z'”, nome dado ao movimento de protesto constituído majoritariamente por jovens, disse a premiê Sushila Karki.
“As demandas desse grupo incluem o fim da corrupção, uma administração eficiente e igualdade econômica”, acrescentou Karki, que assumiu interinamente a chefia do governo na última sexta-feira após a saída de KP Sharma Oli.
Mais de 20% dos jovens nepaleses entre 15 e 24 anos estão desempregados, segundo o Banco Mundial, enquanto o PIB per capita anual é aproximadamente 1.450 dólares (cerca de R$ 7.800 na cotação atual).
Da rua ao poder
A senhora Karki, de 73 anos e ex-presidente da Suprema Corte, prestou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos protestos.
Ela realizou diversas reuniões no complexo governamental de Singha Durbar, onde vários edifícios foram incendiados durante os distúrbios iniciados na última segunda-feira.
Ao menos 72 pessoas perderam a vida e 191 ficaram feridas nas manifestações, conforme informou o secretário do governo, Eaknarayan Aryal. A contagem anterior era de 51 mortes.
A nomeação de Karki, reconhecida por sua independência, ocorreu após intensas negociações entre o chefe do Exército, general Ashok Raj Sigdel, e o presidente Ram Chandra Paudel.
Também houve reuniões com líderes do movimento juvenil dos protestos. Milhares de jovens sugeriram Karki como líder usando o aplicativo Discord.
“Não busquei esta posição; meu nome foi levado das ruas”, afirmou a nova primeira-ministra.
Logo após sua nomeação, o Parlamento foi dissolvido e novas eleições foram agendadas para 5 de março de 2026.
“De forma alguma permaneceremos mais de seis meses aqui; cumpriremos nossas responsabilidades e transferiremos o poder ao próximo Parlamento e aos novos ministros”, garantiu em discurso.
Muitos nepaleses manifestaram esperança na mudança trazida pelo governo, mas reconhecem os grandes desafios pela frente.
“A lista de tarefas e problemas pendentes deste governo é extensa”, disse Satya Narayan, uma vendedora de 69 anos da vila de Pharping, próxima à capital.
“Também é fundamental assegurar a unidade e harmonia no país”, acrescentou.
O Exército diminuiu sua presença nas ruas, mas mais de 12.500 presos que fugiram das prisões durante os distúrbios continuam foragidos, representando um problema extra de segurança.
Apoio internacional
Líderes regionais congratularam Karki, como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que declarou que seu país apoia “a paz, o progresso e a prosperidade” no Nepal; e o Ministério de Relações Exteriores da China, que destacou o interesse em “fortalecer as relações” entre Pequim e Catmandu.

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