Responsável pela manutenção dos espaços públicos do Distrito Federal, a Novacap prepara um relatório para dizer por que o asfalto da faixa exclusiva da W3 Sul está comprometido, menos de dois anos após ser reformado. Com o documento em mãos, o GDF deve pedir que a empresa responsável pelo serviço refaça os trechos afetados, sem custo adicional.
O recapeamento foi feito pela JM Terraplanagem e Construções no segundo semestre de 2014.
O presidente da Novacap, Júlio Menegotto, se reuniu com representantes do Ministério Público do DF e do Ministério Público de Contas para tratar do assunto. “O estado da avenida está muito precário por se tratar de uma obra nova”, diz.
Três engenheiros da Novacap trabalham na conclusão do relatório, que deve ser entregue em 20 dias. A equipe é responsável por indicar onde estão os pontos mais críticos da W3 Sul, e dizer se houve erro de projeto ou execução.
De acordo com Menegotto, a obra tem garantia de cinco anos. “Tão logo o relatório seja concluído, a empresa será chamada para que possa recuperar o pavimento sem nenhum tipo de custo. Caso a empresa não aceite fazer os reparos, vamos buscar os meios legais para ela cumprir a garantia”, declarou.
Como medida de urgência, a Novacap estuda recuperar os trechos mais danificados da faixa exclusiva da W3 Sul, usando o próprio efetivo. Em última instância, a companhia não exclui a possibilidade de ter refazer as obras nos seis quilômetros de via.
As deformações no asfalto – chamadas tecnicamente de “escorregamento de capa” – são explicadas pelo calor e pelo atrito da passagem dos ônibus pela pista. Na teoria, projetos de recapeamento devem prever esse tipo de fenômeno.
De acordo com a Novacap, a JM foi contratada em setembro de 2009 por R$ 14,71 milhões para prestar diversos serviços no asfalto do DF durante cinco anos. Questionada, a companhia não soube informar o valor preciso do investimento na W3 Sul.
Após a conclusão desse relatório, a Novacap deve investigar outras pistas em más condições. “Todos os contratos de 2009 que apresentam algum trecho de deterioração prematura estão sendo notificados”, afirmou. Como exemplo, ele citou pontos críticos na 213/214 Norte que precisaram de novo tratamento.
O contrato atual de recuperação das vias do Distrito Federal foi assinado em 2015. Ele prevê asfalto novo em 16 regiões, fornecido por 11 empresas a um custo anual de R$ 112 milhões.
Avaliação do Tribunal de Contas
Como parte de treinamento para avaliar a qualidade do asfalto nas principais vias de Brasília, auditores do Tribunal de Contas do Distrito Federal passaram a usar um “caminhão-laboratório”, que analisa amostras da pavimentação da via.
O equipamento instalado no veículo verifica se o asfalto está de acordo com as normas técnicas e com o projeto das obras rodoviárias. O aparelho foi cedido pelo Tribunal de Contas de Goiás e vai ajudar a inspecionar a nova pavimentação de várias vias urbanas do Plano Piloto e de regiões como Samambaia e Ceilândia.
Os auditores retiram amostras do asfalto e colocam no equipamento, para avaliar itens como umidade, compactação, durabilidade e coesão do pavimento. O aparelho pode apontar, por exemplo, os materiais utilizados para formar o piso e a espessura.
O objetivo é analisar se houve irregularidades durante a execução do programa Asfalto Novo, na gestão do ex-governador Agnelo Queiroz. Segundo o tribunal, o projeto custou pelo menos R$ 448 milhões aos cofres públicos.
Asfalto Novo
O programa Asfalto Novo foi lançado pela gestão de Agnelo Queiroz em 2013. Na época, o então governador prometeu a recuperação total de 6 mil quilômetros de asfalto das vias do DF até o final de 2014. O número correspondia a 51,28% de toda a malha viária da capital.
Em novembro de 2014, penúltimo mês da gestão Agnelo, o programa foi suspenso por falta de verba. De acordo com a Novacap, foram recuperados 872 quilômetros em 29 regiões do DF nas duas primeiras etapas do Asfalto Novo, o que corresponde a 14,53% do prometido.
Na época do lançamento, o GDF prometeu investir R$ 771 milhões na operação. Quando foi interrompido, o governo já tinha investido R$ 437 milhões. A Novacap diz que a terceira fase do Asfalto Novo está em processo de licitação e prevê a recuperação de 1.934 quilômetros.
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