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Novo colonialismo e o preço político

Governo autoriza crédito de 30 bilhões para enfrentar crise
Folha de Pernambuco
O tempo é memória em uma era de dependência. Países desenvolvidos vendem manufaturas aos países em desenvolvimento, que por sua vez exportam bens primários aos países ricos, perpetuando um ciclo de dependência entre nações ricas e pobres. Essa dinâmica remete ao processo histórico de avanços e recuos do crescimento econômico, como a revolução industrial na Inglaterra do século XIX, a evolução tecnológica no Japão do século XX, e a consolidação da era digital global no século XXI.
Depois da era das superpotências, o multilateralismo aprimorou as possibilidades do comércio mundial, estimulando a competição e exigindo produtividade, que é resultado da escolaridade. Multilateralismo representa um concerto, uma descentralização do poder e uma democratização das decisões, antes dominadas exclusivamente pela rivalidade entre Rússia e Estados Unidos, mas agora compartilhadas entre a União Europeia, os BRICS e o Mercosul.
É nesse contexto que o descontentamento do Trump se evidencia. Suas tarifas punitivas são um engano autoimposto, fruto da falta de criatividade e da ilusão de uma oligarquia plutocrática digital, que já lhe custou sua posição de liderança. Estamos apenas no começo: a inflação doméstica deve aumentar devido ao custo fiscal, e o crescimento pode desacelerar diante do clima de incerteza motivado por decisões autoritárias, erráticas e isolacionistas. Parcerias sustentáveis só se constroem em ambientes de confiança.
No caso brasileiro, as sanções tarifárias são apenas uma fachada para um pacto político menor. De um lado, Trump busca fragilizar um estado soberano que não se submete à sua visão anti-republicana. De outro, um parlamentar brasileiro, representante do povo, que propôs uma troca desleal e infiel aos seus eleitores, contribuindo para o conflito. Esse episódio é singular dentro de um cenário maior de disputa geopolítica, envolvendo blocos econômicos, competição comercial e luta ideológica. A sanção aparece como um símbolo dessa disputa sem limites.
O mundo está vendo o surgimento de uma nova ordem geopolítica, mais aberta no comércio e mais dialogal politicamente. O Brasil participa ativamente desse movimento, mas precisa reduzir as tarifas sobre bens importados, atualmente altas em resposta à pressão política da FIESP, o que aumentaria a produtividade da indústria nacional. Além disso, é importante diversificar seus mercados de exportação.
Trump fez duas declarações recentes: a primeira, de que “o Brasil é um parceiro comercial ruim”, não condiz com os fatos, pois o país apresenta déficit na balança comercial com os EUA. A segunda, que “a Justiça brasileira está executando judicialmente o ex-presidente Bolsonaro”, esquece que esse processo ocorre dentro do devido processo legal, e não cabe a um líder estrangeiro interferir em assuntos internos do Brasil.
Ao final, Trump afirmou que “será assim”, indicando que o Brasil enfrenta um tipo de colonialismo antigo em nova forma, que não corresponde à geopolítica do século XXI. O mundo mudou, e apenas aqueles que resistem à realidade ainda não perceberam essa transformação.

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