Economia
Novo presidente dos Correios: Emmanoel Schmidt Rondon

O governo nomeou Emmanoel Schmidt Rondon, servidor do Banco do Brasil, para liderar os Correios, empresa estatal atravessando dificuldades financeiras graves. O nome de Rondon foi aprovado pela Casa Civil e enviado ao Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração dos Correios, com expectativa de anúncio oficial até o final da semana.
Ele substituirá Fabiano Silva dos Santos, que desde 4 de julho havia pedido demissão ao presidente Luís Inácio Lula da Silva. Essa substituição gerou uma disputa interna entre os partidos União Brasil e PT sobre quem teria o direito de indicar o novo presidente da estatal. Atualmente, as seis diretorias dos Correios são divididas igualmente entre essas duas siglas, sendo Fabiano uma indicação do PT. O atual presidente preferiu não comentar a mudança.
Rondon atua como gerente executivo no Banco do Brasil desde 2017, conforme seu perfil no LinkedIn. Antes, ocupou cargos de assessor sênior e conselheiro no fundo de pensão dos funcionários do banco, a Previ. Ele é graduado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e possui MBA pelo Ibmec.
Fontes próximas ao presidente Lula indicam que ele relutava em entregar os Correios ao União Brasil, devido ao valor simbólico da instituição e sua uma atenção especial à empresa. A descoberta de desvios nos Correios, no primeiro mandato de Lula em 2005, foi um dos eventos que desencadearam o escândalo do mensalão. Naquela época, a empresa esteve sob o comando do PTB de Roberto Jefferson, aliado do Planalto.
Na nova etapa do governo, a nomeação de Fabiano Silva para liderar os Correios foi vista como indicação do PT, contrariando a expectativa do União Brasil, que negociara o Ministério das Comunicações (pasta responsável pelos Correios) e reivindicava controle total das indicações. A ligação de Fabiano ao grupo Prerrogativas, conhecido por sua crítica à Operação Lava Jato e à prisão de figuras do PT, facilitou sua nomeação.
Agora, a nova direção deverá alinhar-se com a Casa Civil e implementar cortes de pessoal necessários, conforme diagnóstico do ministro Rui Costa. Fabiano vinha resistindo a demissões e ao fechamento de agências.
Crise financeira dos Correios
A empresa pública enfrenta uma crise financeira severa. No segundo trimestre de 2025, o prejuízo somou R$ 2,64 bilhões, um valor quase cinco vezes maior que o do mesmo período do ano anterior. No semestre, o rombo atingiu R$ 4,37 bilhões, contra R$ 1,35 bilhão em 2024.
Nas notas explicativas do balanço, os Correios revelam que mesmo adotando medidas estratégicas, enfrentam restrições financeiras devido a fatores externos que impactam diretamente suas receitas.
Plano de recuperação
A estatal implementou um programa que inclui várias ações para aumentar a eficiência. O foco está em ampliar receitas pela diversificação dos serviços e expansão comercial, além de otimizar despesas, reduzindo custos operacionais e mantendo a universalização dos serviços, com foco na produtividade e sustentabilidade financeira.
No primeiro semestre, a receita bruta foi de R$ 8,52 bilhões, uma queda nominal de 11,3% em relação ao mesmo período de 2024. O serviço internacional de postagem, afetado pela chamada “taxa da blusinha”, obteve receita de apenas R$ 815,2 milhões, o que representa uma queda de 61,3% em comparação ao ano passado.

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