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Nunes se aproxima do bolsonarismo ao participar de ato e criticar o STF, mas evita exposição nas redes

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo reeleito no ano passado com o apoio formal de Jair Bolsonaro (PL), nunca se definiu como um “bolsonarista”, porém tem se aproximado desse segmento da direita durante seu segundo mandato.
No domingo (3), ele participou de um ato em apoio ao ex-presidente na Avenida Paulista, mesmo com a ausência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tradicionalmente é sua principal ligação com Bolsonaro.
Na véspera, Nunes manifestou críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente, demonstrando uma mudança gradual de postura — no ano anterior, ele costumava evitar críticas à Corte.
Apesar do estreitamento com o núcleo bolsonarista, Nunes busca manter equilíbrio entre uma imagem de direita e centro-direita, principalmente em suas redes sociais.
Por exemplo, nesta segunda-feira, após o ministro Alexandre de Moraes ordenar a prisão domiciliar de Bolsonaro, Nunes optou por compartilhar um vídeo do governador Tarcísio de Freitas defendendo o ex-presidente, ao invés de emitir comentários próprios sobre o tema.
No ato de domingo, adotou uma postura similar: mostrou sua presença na Paulista apenas ao publicar uma foto com seu vice, Mello Araújo (PL), em seus stories no Instagram.
Na ocasião, quem fez discurso foi o vice-prefeito, algo incomum em eventos político-administrativos de sua gestão.
No entanto, nas declarações e alianças, Nunes vem sinalizando uma aproximação cada vez maior à direita. Desde o início do segundo mandato, tem se posicionado contra o apoio do MDB, seu partido, ao presidente Lula (PT), aproximando-se do PL — que detém duas secretarias em sua administração e também o vice-prefeito — e apoiando pautas alinhadas ao bolsonarismo, como a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e críticas ao endurecimento do STF contra Bolsonaro.
Além disso, tem adotado um discurso mais firme na área de segurança pública, buscando agradar o eleitorado conservador.
Aliados afirmam que o prefeito tenta, quando possível, conquistar o eleitorado paulistano que o elegeu, especialmente aqueles influenciados pelo apoio de Tarcísio, sem abandonar sua posição de centro-direita, característica do MDB, tendo em vista que São Paulo exige uma gestão inclusiva.
Um aliado ressalta que o foco de Nunes é a administração pública, mas em certas ocasiões, como na manifestação na Paulista, aproveita para se posicionar como um representante da direita, contando também com a presença de seu vice bolsonarista para manter o vínculo com esse eleitorado.
Outro aliado classifica essa aproximação como um “bolsonarismo de conveniência”.
No sábado, Nunes declarou ser anormal a prisão domiciliar de Bolsonaro, afirmando que a medida do STF “extrapolou um pouco”. Esse posicionamento contrasta com o tom mais neutro que costumava adotar anteriormente, evitando comentar decisões judiciais relacionadas ao ex-presidente.
“Em um país democrático, alguém que não foi condenado ser submetido à prisão domiciliar… Hoje, sábado, e no domingo, ele não pode sair de casa, nem após as 19h, está com tornozeleira, sem condenação. Acho que isso extrapolou e precisamos manifestar nossa posição. Com muito respeito à nossa Suprema Corte, mas não é normal o que está acontecendo, pois pode acontecer com qualquer pessoa amanhã”, afirmou à imprensa durante visita à Festa da Achiropita, na Bela Vista, São Paulo.
Uma das razões para essa guinada à direita pode ser a possibilidade de Nunes renunciar em abril do próximo ano para disputar o governo paulista, caso o atual governador concorra à Presidência. Contudo, esse plano enfrenta o “fator Mello Araújo”, que, conforme revelou o Globo recentemente, tem gerado descontentamentos nos altos escalões da prefeitura.
Além disso, pessoas próximas afirmam que os atritos provocados por Mello junto a secretários e assessores, combinados com uma postura política e administrativa considerada inadequada, podem comprometer a permanência de Ricardo Nunes na prefeitura até 2026.
Na política estadual, o vice-prefeito também representa um desafio, e fontes do governo indicam que dificilmente Nunes conseguiria contornar a resistência gerada pelo temperamento do seu número dois na cidade, o que poderia dificultar acordos partidários essenciais para sua reeleição. Em 2024, o prefeito foi eleito com o suporte de dez legendas.

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