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O que a cera de ouvido pode indicar sobre sua saúde?

A cera de ouvido, embora seja uma das secreções corporais consideradas desagradáveis, desempenha papéis essenciais para a proteção dos ouvidos contra sujeira, bactérias e água. Além disso, sua aparência, cheiro e cor podem fornecer informações valiosas sobre a saúde geral.
Cor
Normalmente, a cera de ouvido apresenta uma tonalidade alaranjada, que começa amarelo-claro e escurece com o tempo devido ao acúmulo de sujeira e bactérias. Cores que variam do amarelo ao marrom-âmbar são normais, mas cores muito escuras merecem atenção.
Se a cera estiver verde, é aconselhável procurar um médico, pois pode indicar uma infecção no ouvido. A presença de cera preta é comum em casos de acúmulo endurecido no canal auditivo, bloqueando a audição. Cera marrom com listras vermelhas pode sinalizar uma lesão no canal auditivo, de acordo com a Cleveland Clinic. Se houver secreção líquida associada, isso pode indicar a ruptura do tímpano.
Cheiro
O odor da cera de ouvido pode também revelar condições de saúde. Por exemplo, a leucinoses, uma doença metabólica fatal, pode ser detectada pelo cheiro característico de xarope de bordo na cera pouco após o nascimento, conforme descrito pela química ambiental Rabi Ann Musah, da Universidade Estadual da Louisiana.
Outro exemplo é a doença de Parkinson, associada a um odor almíscarado na cera de ouvido. No início da década de 2010, a ex-enfermeira Joy Milne, do Reino Unido, descobriu que conseguia identificar a doença pelo cheiro. Pesquisadores da Universidade de Zhejiang desenvolveram testes que categorizam amostras de cera com até 94% de precisão no diagnóstico da doença.
Importância diagnóstica da cera de ouvido
A cera de ouvido é uma fonte valiosa para diagnósticos, contendo marcadores metabólicos importantes. Em um estudo de 2019, cientistas identificaram com alta precisão quais amostras de cera pertenciam a pacientes com câncer, diferenciando-as das de pessoas saudáveis, embora não tenha sido possível determinar o tipo específico do câncer.
Nelson Roberto Antoniosi Filho, professor de química da Universidade Federal de Goiás e integrante da equipe de pesquisa, destacou que, apesar da diversidade dos tipos de câncer, do ponto de vista metabólico, a doença apresenta processos bioquímicos únicos. Detectar essas diferenças na cera de ouvido é uma ferramenta promissora para tratamentos futuros.
Considerando que a maioria dos cânceres diagnosticados no estágio inicial tem alta taxa de cura, o diagnóstico precoce via análise da cera pode ampliar significativamente a eficácia do tratamento.

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