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ONG denuncia execuções de civis drusos na Síria

Uma organização não governamental (ONG) denunciou que forças governamentais na Síria executaram 19 civis da comunidade drusa após invadir a cidade de Sweida, localizada no sul do país e predominantemente habitada por drusos. Moradores da região relataram diversos abusos cometidos durante os confrontos.
As tropas sírias tomaram controle da cidade, anteriormente dominada por combatentes drusos locais, com o objetivo declarado de restaurar a ordem após intensos conflitos entre grupos drusos e beduínos que resultaram em aproximadamente 100 mortes.
Em resposta à ação do governo sírio, Israel realizou bombardeios contra essas forças, alegando proteção à comunidade drusa. A Síria condenou os ataques e responsabilizou Israel pelas consequências decorrentes.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que 12 civis drusos foram executados dentro de uma casa de hóspedes pela manhã do dia 15, durante a invasão. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram pessoas feridas dentro do local, embora sua autenticidade não tenha sido confirmada.
Além disso, grupos armados aliados ao governo sírio executaram quatro civis, incluindo uma mulher, em uma vila próxima, e dispararam contra três homens na presença de sua mãe em outra área da cidade.
Um jornalista presente na cidade após a chegada das tropas governamentais reportou a presença de corpos espalhados pelas ruas enquanto tiros ainda eram ouvidos, no contexto de um toque de recolher rigoroso.
Violência e instabilidade
Esta escalada de violência evidencia os graves desafios enfrentados pelo governo interino, liderado por Ahmed al Sharaa, desde a queda do presidente Bashar al Assad em dezembro. O conflito tem causado um impacto profundo em uma região já marcada por anos de guerra civil.
Moradores da cidade expressaram medo e denunciaram execuções, incêndios, saques e roubos cometidos pelas forças governamentais, que, sob o pretexto de restaurar a segurança, têm adotado práticas violentas.
Rayan Maarouf, editor-chefe do site local Suwayda 24, descreveu as ações como “práticas selvagens”. Paralelamente, o enviado dos Estados Unidos para a Síria, Tom Barrack, classificou a violência como preocupante e afirmou estar buscando um diálogo com todas as partes envolvidas para restabelecer a paz.
Resposta de Israel e aspecto regional
O Exército israelense justificou os bombardeios afirmando que sua ação visa impedir a militarização da região fronteiriça ao sul da Síria e proteger a população drusa. Líderes israelenses como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Israel Katz destacaram o compromisso de evitar a presença do regime sírio nessa faixa do território.
A província de Sweida é lar da maior comunidade drusa da Síria, que possui cerca de 700 mil membros. Este grupo religioso, associado a uma corrente esotérica do xiismo, também está presente no Líbano e em Israel.
Conflitos locais e tensões
Os confrontos tiveram início no domingo entre drusos e beduínos, cuja rivalidade tem raízes históricas profundas. As forças governamentais intervieram, mas foram acusadas de apoiar os beduínos contra os drusos durante os combates.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, os conflitos resultaram em 116 mortos, incluindo combatentes e civis, além de agentes de segurança. Apesar do anúncio de cessar-fogo pelas autoridades sírias, o ambiente permanece instável e marcado pela confusão.
Os líderes religiosos drusos mostraram-se divididos, alguns pedindo desarmamento dos combatentes locais, enquanto outros incentivaram a continuidade da luta.
Conflitos anteriores entre drusos e forças de segurança, bem como ataques contra minorias religiosas, têm minado a confiança no governo interino quanto à proteção das comunidades vulneráveis no país.

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