ONU alerta para grave crise e conflito crescente no Sudão do Sul

A retomada dos confrontos no Sudão do Sul apresenta risco de se expandir por toda a região, em meio a uma grave crise humanitária no país, avisou um alto representante da ONU nesta segunda-feira (18).

O Sudão do Sul, considerado um dos países mais pobres do mundo, vive um período de intensa instabilidade política e violência. Aproximadamente 7,7 milhões de pessoas, de um total aproximado de 12 milhões de habitantes, enfrentaram insegurança alimentar entre abril e julho, conforme dados da ONU.

Além dos efeitos de severas crises climáticas, a população está profundamente impactada pela violência e pelo conflito no vizinho Sudão. Cerca de 83 mil sul-sudaneses encontram-se em risco de uma situação grave e catastrófica.

“Há preocupação de que a atual posição militar e as operações em andamento possam provocar mais violência e agravar os conflitos intercomunitários”, disse ao Conselho de Segurança a vice-secretária-geral da ONU para a África, Martha Pobee.

De acordo com a funcionária, “se essa tendência continuar”, o conflito pode evoluir para um cenário mais complexo, com divisões étnicas envolvendo as partes signatárias e outros participantes, inclusive países vizinhos.

No mês anterior, houve confrontos entre as Forças de Defesa do Povo de Uganda (UPDF) e tropas do Sudão do Sul no estado de Equatória Central, ao sul do país, resultando na morte de seis pessoas.

Uganda mantém uma relação histórica com o empobrecido Sudão do Sul e tem apoiado militarmente o presidente Salva Kiir, inclusive com o envio de tropas especiais desde março.

O Sudão do Sul enfrenta um aumento da violência motivada por questões políticas e étnicas, enquanto luta para se reerguer após a guerra civil de 2013 a 2018, que causou cerca de 400 mil mortes e deslocou um milhão de pessoas.