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ONU alerta sobre aumento da violência sexual em zonas de conflito

Em vários países como Colômbia, Haiti, Ucrânia, Israel, Iêmen e Afeganistão, a violência sexual tem sido empregada como uma estratégia de combate, conforme denunciado nesta quinta-feira (14) pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em um relatório que indica um crescimento de 25% nessas práticas em 2024.
Países como Rússia e Israel podem ser incluídos no próximo relatório de nações que utilizam a violência sexual, juntando-se a uma lista atualmente encabeçada por República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Haiti, Somália e Sudão do Sul, segundo o documento anual “Violência Sexual em Conflitos Armados”.
“Dada a séria preocupação com determinados padrões de violência sexual cometidos por forças militares e de segurança israelenses e russas, assim como grupos armados afiliados, essas partes foram alertadas sobre a possível inclusão na lista no próximo relatório”, afirma o documento.
Em Israel, foram confirmados pela ONU “12 casos de violência sexual” cometidos por forças armadas e de segurança contra “sete palestinos” em prisões do país.
O relatório também apresenta evidências claras de que alguns reféns israelenses capturados pelo Hamas foram vítimas de diferentes formas de abuso sexual após os ataques do grupo palestino em outubro de 2023.
Este documento, criado a pedido do Conselho de Segurança da ONU, compara dados de violência sexual com o ano anterior.
Na Ucrânia, a missão de direitos humanos registrou mais de 200 casos de violência sexual por parte de tropas russas e pessoal penitenciário, especialmente em áreas sob controle russo após a invasão de fevereiro de 2022.
“A violência sexual foi usada como método de humilhação e para extrair confissões ou informações”, revela o relatório.
Na Colômbia, houve um aumento de 68% nos casos de agressões sexuais ligadas ao conflito, especialmente nos departamentos de Antioquia, Bolívar, Cauca, Chocó, Nariño e Vale do Cauca, cometidos majoritariamente por guerrilheiros.
O relatório sugere que membros da polícia e das forças armadas também podem estar envolvidos, e solicita que as autoridades colombianas acelerem a implementação das medidas de gênero previstas no Acordo de Paz de 2016 e melhorem o acesso à justiça para as vítimas.
No Haiti, agências humanitárias reportaram 3.598 casos de violência de gênero supostamente praticados por grupos criminosos organizados.
Ainda que tenha sido adotada uma resolução histórica pelo Conselho de Segurança há 25 anos sobre Mulheres, Paz e Segurança, as mulheres continuam representando 92% das vítimas.
A ONU já verificou mais de 4.600 sobreviventes de violência sexual em 2024 em 21 países analisados, indicando um aumento de 25% em relação ao ano anterior, embora ressalte que esses números não refletem a real dimensão deste grave problema.

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