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Oposicionistas querem ‘tira-teima’ entre Cerveró e Costa na CPI
A CPI mista que investiga denúncias na Petrobras fará na próxima terça-feira (2) uma acareação entre os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Nestor Cerveró (área Internacional). A oposição pretende fazer um “tira-teima” entre os dois executivos, que apresentaram versões divergentes sobre o suposto esquema de corrupção instalado na empresa.
A sessão promete ser uma das mais agitadas desde a instalação da CPI, em maio. Um esquema especial de segurança está sendo montado no Senado Federal, onde funciona a comissão, porque Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar, será conduzido ao Congresso sob escolta da Polícia Federal.
Por se tratar de convocação, ambos são obrigados a comparecer, mas poderão usar do direito de ficar calado e se recusar a responder perguntas. A presença dos dois ex-diretores está confirmada, de acordo com a secretaria da comissão.
Durante depoimento prestado em acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa teria apontado Nestor Cerveró como um dos funcionários da Petrobras beneficiados pelo suposto esquema de pagamento de propina. Cerveró, porém, disse durante depoimento à CPI mista, em setembro, quedesconhecia a existência do esquema.
“Alguém está mentindo. A expectativa é de que Paulo Roberto Costa possa sustentar a denúncia de que Nestor Cerveró participava da quadrilha e recebia propina, e o Cerveró terá oportunidade de, frente a frente com o Paulo Roberto, negar. Lembrando que se o cara mentir ali está enrolado. É um tira-teima”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), que lembrou que, como a CPI tem poderes de investigação correspondentes ao de juízes de direito, o depoente que mentir poderá responder pelo crime de falso testemunho.
O autor do pedido de acareação, deputado Enio Bacci (PDT-RS), será o primeiro a questionar os depoentes. Ele disse que vai concentrar as perguntas iniciais em Nestor Cerveró na tentativa de provocá-lo a responder se considera Paulo Roberto Costa uma pessoa honesta, se acredita que o ex-colega costuma dizer a verdade e, por fim, se participou do suposto esquema.
“A ideia é provocar o máximo possível e instigar o senhor Cerveró a se defender, a dizer que o que o Paulo Roberto disse não é verdade, que mentiu. Por outro lado, Paulo Roberto não vai querer sair dali como mentiroso, ele não vai ficar calado. Acho que ele vai acabar reafirmando o que disse na delação sobre o Cerveró”, explicou Bacci.
A tática, segundo Bacci, poderá levar Paulo Roberto Costa a abrir mão do direito de ficar calado e reagir à fala de Cerveró. “Vamos apertar o cerco”, disse o deputado.
Esta é a segunda vez que Paulo Roberto Costa é convocado pela CPI mista. Em 17 de setembro, quando ainda estava preso na carceragem da PF em Curitiba, compareceu ao Congresso, mas permaneceu caladodurante toda a sessão. Na época, ele negociava acordo de delação premiada com a Justiça, que acabou aceito pelo STF no final daquele mês.
“Como o senhor Paulo Roberto já teve a delação premiada deferida pelo Teori Zavascki [ministro responsável pela Operação Lava Jato no STF], a expectativa é de que ele fale e sustente a denúncia que fez contra Cerveró”, disse Imbassahy.
Para o relator substituto da comissão, deputado Afonso Florence (PT-BA), os dois ex-diretores deverão falar. O relator, deputado Marco Maia (PT-RS), está ausente da comissão há três semanas devido a um acidente de moto.
“No atual andamento do processo conduzido pelo Judiciário, a expectativa é de que haja um ambiente favorável em que ambos falem. Estamos fazendo um esforço na apuração e a acareação é necessária para isso”, disse o petista.
Nestor Cerveró já foi três vezes ao Congresso Nacional dar informações sobre a compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006 – o que motivou a criação da CPI. A apuração dos parlamentares sobre eventual superfaturamento e corrupção no negócio se arrasta há seis meses.
Fonte: G1
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