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Os impactos das mudanças climáticas na agricultura brasileira

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Problemas ocorrem em várias regiões e geram perdas no cultivo de soja e milho

O clima já não se comporta como antes, situação essa que fica cada vez mais evidente. Mesmo quando se trata de grandes fenômenos climáticos, como o El Niño ou La Niña. A projeção atual indica que o La Niña, que começou em dezembro, vai terminar por volta do final de março.

Caso isso ocorra, será o La Niña mais curto desde que as medições de temperatura da superfície do Oceano Pacífico equatorial começaram a ser feitas em 1950. É esse o indicador que nos mostra a evolução desse binômio El Niño – La Niña.

Mesmo com uma curta duração, os impactos do La Niña atual já se fazem sentir, por vezes com intensidade, mas sem que esses efeitos guardem similaridade com episódios anteriores.

Panorama

Em termos práticos, o La Niña provoca estiagem e redução de temperaturas no sul do país. Dependendo da intensidade, isso pode se estender até a parte mais ao sul da Região Sudeste.

Ao mesmo tempo, o La Niña leva a um aumento de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. Seria o padrão esperado, mas não é o que está acontecendo.

O Rio Grande do Sul sofre com uma estiagem severa, enquanto o Paraná enfrentou chuvas acima da média, com o excesso de água dificultando o controle de pragas e fungos, que começam a surgir.

No Mato Grosso, a situação é similar. O solo encharcado dificulta a entrada de máquinas nas lavouras e favorece o aparecimento de doenças. A umidade ideal para o plantio de milho seria entre 50% e 60%, mas há locais onde ela atinge 90%.

No estado, há um atraso no plantio do milho, levando a uma expectativa de uma safra menor do que a do ano passado.

O atraso acontece porque ainda há soja nos campos e ela precisa ser colhida para ceder espaço para o plantio do milho. Com a irregularidade nas chuvas, o plantio de soja acabou sendo postergado, gerando o problema atual.

No estado, estima-se que pouco mais de 60% da área prevista para o milho tenha sido semeada, cerca de 20% a menos do que na mesma época em 2024.

No Rio Grande do Sul, após um longo La Niña (2020-2023) e fortes chuvas em maio de 2023, agricultores acumulam perdas.

Pequenos produtores pedem ajuda para renegociar dívidas, enquanto a seca prejudica a safra de soja e a produção de leite devido à escassez de pasto.

Eles reclamam de dificuldades de acesso ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária), que protege as culturas de perdas causadas por eventos climáticos adversos.

Na região Nordeste, que, em tese, deveria ser beneficiada pelas chuvas provocadas pelo La Niña, a situação também não é favorável.

No Piauí, a falta de chuvas prejudicou os cultivos de feijão e milho. No sertão e no agreste, a umidade do solo está em torno de 10%. As chuvas mal distribuídas geraram o que se chama de seca verde.

Elas permitiram que as plantas brotassem, mas não foram suficientes para os plantios progredirem.

Previsões

Com o final do La Niña já prognosticado, a previsão é que tenhamos uma situação de neutralidade (sem El Niño ou La Niña) que deverá se prolongar ao menos até o início do segundo semestre. Isso não significa que teremos o clima se comportando dentro da normalidade.

Muitas vezes, é nessa situação de neutralidade que as chuvas se distribuem de maneira ainda mais irregular.

As previsões climáticas (de médio e longo prazo) e as meteorológicas (de curto prazo) ganham cada vez mais importância no manejo dos plantios nas mais diversas regiões. Não dá para esperar que o clima se comporte com um padrão de normalidade. Infelizmente.

CNN

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