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Palestinos deixam Cidade de Gaza diante de ofensiva israelense

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A pé, de bicicleta, veículos e charretes puxadas por burros, os palestinos deixam em grande número a Cidade de Gaza, que está sendo alvo de fortes ataques do Exército israelense, cujos bombardeios causaram dezenas de mortes em todo o território nesta quarta-feira (17).

Na terça-feira, Israel anunciou o início de uma grande operação terrestre e aérea na Cidade de Gaza para “eliminar” o grupo islamista Hamas, cujo ataque em 7 de outubro de 2023 em solo israelense desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.

O conflito gerou uma crise humanitária grave e devastou o pequeno território, que está sitiado por Israel. Os cerca de dois milhões de habitantes de Gaza tiveram que se deslocar várias vezes.

“É como viver o juízo final ou o inferno, mas até mesmo o inferno seria mais brando”, disse à AFP Fatima Lubbab, que caminhou com seus quatro filhos por cerca de dez quilômetros até Deir al Balah, após deixarem a Cidade de Gaza no dia anterior.

Dia e noite, os palestinos deixam a maior cidade do território, levando alguns poucos pertences, após ordens militares para evacuação, segundo imagens da AFP.

No entanto, Oum Ahmed Younes, de 44 anos, afirma que não consegue pagar os altos custos do transporte. Além disso, “não há tendas de campanha ou, se houver, os preços são muito altos. É mais barato morrer”.

Os militares israelenses informaram a abertura de “uma rota temporária pela rodovia Salah al Din”, que atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul.

Porém, esse corredor ficará disponível apenas até sexta-feira ao meio-dia (06h de Brasília).

Novo êxodo

De acordo com estimativas da ONU, cerca de um milhão de pessoas viviam no fim de agosto na Cidade de Gaza e áreas próximas.

Jornalistas da AFP viram um novo êxodo nos últimos dias, enquanto o Exército israelense informou nesta quarta-feira que “mais de 350 mil” já se deslocaram para o sul do território.

Diante dessa situação, o papa Leão XIV expressou nesta quarta sua solidariedade aos moradores de Gaza e denunciou que, “mais uma vez”, há pessoas deslocadas à força.

O Exército continuou com bombardeios em outras regiões palestinas. A Defesa Civil local, sob autoridade do Hamas, reportou pelo menos 64 mortos, 41 deles na Cidade de Gaza.

Desde o começo da ofensiva terrestre na Cidade de Gaza na terça-feira, as forças israelenses afirmam ter atingido “mais de 150 alvos terroristas” na área.

Restrições à mídia em Gaza e dificuldades de acesso a várias regiões impedem que a AFP confirme de forma independente os dados de ambos os lados.

Além da campanha militar em Gaza, Israel também atacou o Hamas no exterior e, na semana anterior, realizou um ataque sem precedentes contra líderes do grupo palestino no Catar.

Esse ataque em Doha resultou na morte de cinco membros palestinos do movimento islamista e um policial catarem.

Ghazi Hamad, um dos principais líderes do Hamas, apareceu nesta quarta em entrevista ao vivo na emissora Al Jazeera do Catar. Ele é o primeiro alto dirigente do movimento a reaparecer desde então.

Denúncia de genocídio em Gaza

A ofensiva israelense na Cidade de Gaza tem sido amplamente criticada internacionalmente e também dentro de Israel, onde partes da população estão preocupadas com os reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023 pelo Hamas.

Nesta quarta, gritos de apoio aos palestinos foram ouvidos na OVO Arena Wembley, em Londres, com mais de 12.500 pessoas, em um evento para arrecadação de fundos organizado pelo músico e ativista político britânico Brian Eno.

Participaram do evento os atores Benedict Cumberbatch e Florence Pugh, o documentarista Louis Theroux, além de vozes palestinas e ativistas de direitos humanos.

No ataque de outubro de 2023, ações de combatentes islamistas resultaram na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, conforme balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Entre as 251 pessoas sequestradas na ocasião, 47 continuam em cativeiro em Gaza, sendo 25 já declaradas mortas pelo Exército israelense.

A resposta israelense causou a morte de pelo menos 65.062 palestinos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde local, confiáveis para a ONU.

Na terça-feira, a Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU, que não representa formalmente as Nações Unidas, declarou que “um genocídio em Gaza está acontecendo”.

Israel rejeitou de forma veemente essa avaliação, qualificando-a de “um relatório distorcido e enganoso”.

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