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Panamá quer novo acordo para operar portos do canal

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, declarou nesta quinta-feira (7) seu interesse em negociar um novo contrato com a subsidiária da empresa de Hong Kong, Hutchison Holdings, para continuar a administração de dois portos no canal interoceânico.
As declarações surgem poucos dias depois que a Controladoria do Panamá solicitou à Suprema Corte a anulação do contrato com a Panama Ports, uma subsidiária da Hutchison, que desde 1997 tem a concessão para operar os portos de Balboa e Cristóbal, localizados nas entradas do Canal do Panamá.
A Panama Ports ressaltou a importância do diálogo com o governo panamenho para discutir os próximos passos relacionados aos portos sob sua gestão, em um momento em que a Hutchison está negociando a venda de operações globais.
José Raúl Mulino afirmou em sua coletiva semanal que as negociações serão abertas, mas deixou claro que não aceitará a manutenção de um contrato prejudicial aos interesses do país. Ele frisou que essa mensagem é direcionada tanto à China, quanto a Hong Kong e aos Estados Unidos.
A Controladoria apresentou à Suprema Corte dois pedidos para invalidar a concessão, alegando inconstitucionalidade e irregularidades na renovação do contrato, concedido em 2021 por mais 25 anos.
Em abril, a Controladoria já havia denunciado que a empresa não teria repassado ao Estado panamenho cerca de 1,2 bilhão de dólares, valor apurado em auditoria da instituição pública.
Mulino reforçou que o governo está aberto a discutir os termos que beneficiem o país, ressaltando que o território portuário não será utilizado para lucro sem retorno para o Estado.
A auditoria foi realizada em meio a pressões do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alegava que a Hutchison Holdings representava o controle da China sobre o Canal do Panamá.
O embaixador americano no Panamá, Kevin Marino Cabrera, pediu que a concessão à Hutchison fosse encerrada mais rapidamente, classificando a empresa como ligada ao Partido Comunista da China.
Em março, a Hutchison anunciou a venda de suas operações globais por 19 bilhões de dólares para um consórcio liderado pela americana BlackRock, mas as autoridades regulatórias chinesas estão revisando o acordo.
O grupo asiático está considerando incluir um grande investidor estratégico chinês no consórcio para facilitar a aprovação da venda.

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