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Para coibir ação de fraudadores de passagens, GDF articula ampliar biometria

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GDF tem definidos os planos para enfrentar a venda ilegal de passagens de ônibus. Secretaria de Mobilidade revelou ao Correio que ampliará o uso do reconhecimento facial a todos os usuários de cartões de acesso a coletivos

O Governo do Distrito Federal (GDF) articula planos para frear a ação de quem comercializa ilegalmente passagens de ônibus: os chamados “valeiros”. Em reuniões entre representantes do Banco de Brasília (BRB) e da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), ficou decidido ampliar a aplicação da tecnologia de reconhecimento facial aos cartões gratuitos que ainda não dispõem do sistema, como os destinados aos Portadores de Necessidades Especiais (PNE) e ao público com mais de 60 anos. O Correio denunciou a situação, ontem, numa reportagem que mostrou como agem os fraudadores e o prejuízo milionário aos cofres públicos.

Após a publicação, o secretário da Semob, Zeno José Andrade, conversou com o Correio e revelou ações em andamento tanto para coibir a atividade do comércio ilegal de passagens quanto para barrar o transporte pirata. Atualmente, os cartões de vale-transporte — utilizados para que trabalhadores se desloquem de suas residência ao trabalho e vice-versa —, de mobilidade e estudantis, são os únicos que têm a verificação do rosto por câmeras, processo que evita fraudes.

“No caso dos PNE, não há biometria, porque (esses cartões) dão gratuidade aos acompanhantes dessas pessoas, também. No entanto, no caso de cadeirantes, por razões de limitação, não conseguimos contar com o sistema de identificação, uma vez que eles não passam pela catraca”, explicou Andrade.

Na modalidade cartão sênior, para quem tem mais de 60 anos, há a possibilidade de acesso aos coletivos apenas com o documento de identidade com foto. Por isso, a justificativa para a ausência da biometria. No entanto, segundo o secretário, o uso do reconhecimento facial será a única forma eficiente de combater o uso indevido do cartão.

Prejuízo

Conforme o Correio revelou, o custo anual do transporte público na capital federal é de aproximadamente R$ 2,7 bilhões. Esse valor subsidia todo o sistema, desde a ampliação da frota aos custos com campanhas de conscientização. No entanto, todo ano, o governo é lesado em cerca de R$ 162 milhões — 6% do orçamento — por fraudes, muitas das quais têm a participação dos “valeiros”. Os recursos perdidos, de acordo com o GDF, ajudariam na melhoria dos coletivos, na infraestrutura, no aumento da frota e na ampliação das linhas.

O titular da Semob acredita que a iniciativa da “tarifa zero”, anunciada pelo governador Ibaneis Rocha na semana passada, enfraquecerá a ação dos “valeiros”. A medida permitirá que, a partir de março, as pessoas possam andar de ônibus e metrô de graça aos domingos e feriados. “Você esvazia bastante essa utilização indevida do cartão”, frisou o secretário.

Ressalva

O presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da Câmara Legislativa (CLDF), deputado Max Maciel (PSol), acredita que o investimento no transporte deve ir além da renovação da frota. Defende, ampliar a contratação de mão de obra, como equipes de fiscalização nos terminais.

“Esse mecanismo (venda ilegal de passagens) gera dinheiro imediato para quem vende, mas causa prejuízo ao sistema, pois a tarifa técnica não cobre a diferença. O rombo está justamente no que poderia ter sido utilizado no transporte. Até mesmo cartões de beneficiários precisam ser fiscalizados para evitar fraudes. Por isso, é fundamental investir no transporte, não apenas nas malhas de corredores exclusivos de ônibus, mas também no fortalecimento dos modais sobre trilhos, na expansão do metrô e, principalmente, na contratação de equipe para fiscalizar”, detalhou Maciel.

Por outro lado, passageiros ouvidos Correio admitiram que se valem da compra ilegal de passagem. Uma dessas pessoas, em condição de anonimato, justificou: “Eu sei que é errado, mas quando estou sem crédito no meu cartão de transporte e quero pagar mais barato, compro com os valeiros”.

A ação dos golpistas, no entanto, não se restringe à Rodoviária do Plano Piloto. Relatos indicam forte presença deles em terminais da Ceilândia e de Planaltina.

 

Correio Braziliense

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