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Parada gay de Brasília reúne 15 mil pessoas no Eixo Monumental

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Número é estimado pela Polícia Militar; grupo seguiu até a Torre de TV.
Concentração começou após casamento coletivo em frente ao Congresso.

A 18ª Parada do Orgulho Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) de Brasília reuniu 15 mil pessoas no Eixo Monumental na tarde deste domingo (28), segundo a Polícia Militar. A concentração começou após a realização de um casamento coletivo entre pessoas do mesmo sexo em frente ao Congresso Nacional por volta das 14h30 e seguiu rumo à Torre de TV às 17h. O jornal não conseguiu contato com a organização do evento.

Todas as seis faixas do Eixo sentido Torre foram interditadas pela PM para a passagem do público. Até a última atualização desta reportagem, não havia registros de tumultos no evento.

A parada contou com dois trios elétricos, um inclusive com gogo boys.O repertório musical foi variado e incluiu desde o pop internacional até o funk carioca.

A publicitária Maria Luisa Praxedes foi à parada pela primeira vez. “É libertador estar aqui sem ninguém me julgar. Está todo mundo na mesma. Achei legal o casamento ser em frente ao Congresso, do poder também. É uma quebra de paradigma.”

Para o estudante Alan Patrick, a festa estava ‘perfeita’. “Não tem como não gostar de nada.” Ele ainda comentou que a legalização do casamento gay em todos os Estados Unidos e a mobilização ocorrida em torno do assunto serve para as pessoas repensarem o preconceito.

“É uma boa iniciativa para o Brasil repensar isso, já que foi uma medida de um país de primeiro mundo. Não é porque eu quero ser gay, as pessoas nascem gay.”

Casamento coletivo
Um casamento coletivo abriu a parada gay em frente ao Congresso Nacional. Ao todo, nove casais do sexo feminino e um do masculino selaram as uniões no primeiro evento do tipo para pessoas do mesmo sexo realizado na capital. A PM estima que mil pessoas acompanharam o casamento.

Os participantes da cerimônia foram casais de baixa renda que procuraram a organização da parada. Ela contou também com o apoio da Embaixada da Bélgica, que promoveu uma recepção aos casais na sexta-feira (26).

“Gosto muito do lugar aqui, é um casamento muito simbólico em frente ao Congresso, em um ambiente, em geral, positivo. É muito forte para todas as comunidades do mundo”, disse o embaixador belga, Jozef Smets, casado com Cristophe Degraeuwe há 13 anos.

‘Grande passo’
Ana Flávia Teixeira e Mariléia da Rocha estão juntas há sete anos e chegaram a fazer um casamento simbólico em uma cachoeira de Pirenópolis, em Goiás, durante uma viagem. Para o casal, agora unido no papel, o casamento representa uma nova fase. “Ainda temos muitas coisas para conquistar, mas vamos continuar lutando, vamos continuar avançando”, falou Ana Flávia.

Para Mariléia, poder se casar em frente ao Congresso é um marco histórico. “Nossas conquistas são realmente passo a passo. Nenhuma revolução, nenhuma guerra, nenhuma paz é conquistada de uma hora para outra. Tudo são passos e hoje, estar casando em frente ao Congresso, é um grande passo.”

“Nós temos problemas como todo casal, como todo casal hétero. Na verdade o que a gente pensa e quer é a construção familiar. As pessoas pensam que casal homossexual é promíscuo, é promiscuidade, e a gente está aqui para provar que não, não somos promíscuas, queremos ter famílias, queremos construir, questões que todos os casais querem, independente da sexualidade. O que a gente faz entre quadro paredes só nós interessa, não interessa a mais ninguém”, disse Mariléia.

A drag queen Baby de Brasília também considerou a iniciativa um “avanço”. “É fantástico. O casamento é fantástico porque, pela primeira vez, a gente tem um ato coletivo de união. É muito representativo na capital porque a gente nunca teve esse ato, e por isso ele simboliza avanços que a gente não tem”, diz.

O único casal do sexo masculino a participar da cerimônia foi também o que mais se emocionou. “Receba essa aliança como símbolo do meu amor e da minha fidelidade, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe”, disse ao companheiro o estudante Raphael Kelvin, momentos antes de trocar alianças e selar o matrimônio com um beijo.

g1

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