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Paralisação de rodoviários entra no segundo dia

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A paralisação dos rodoviários da Viação Pioneira entra, nesta sexta-feira (7/11), no segundo dia. Ontem, pelo menos 3 mil funcionários interromperam as atividades por conta da falta de pagamento do salário referente ao mês de outubro e de benefícios, como o vale-alimentação. A verba de R$ 15 milhões, que pagaria motoristas e cobradores da empresa, deveria ter sido repassada pelo governo, mas isso não ocorreu. O saldo foram 640 ônibus a menos circulando — inclusive o Expresso DF —, nove cidades e 200 mil passageiros afetados com a suspensão do serviço de transporte público. Para não perder o dia de trabalho, muitas pessoas recorreram ao transporte pirata.

A espera de quase duas horas em uma parada de ônibus preocupou a empregada doméstica Maria Marisete Jesus Fonseca, 44 anos. Moradora de Santa Maria, ela trabalha em Águas Claras e depende da linha do BRT e do metrô para chegar no horário. “Há pessoas que precisam de mim, precisam que eu esteja na hora certa e eu estou aqui, esperando algum coletivo passar”, diz. Ela conta que está cansada das constantes interrupções do serviço. “O dia a dia é complicado. A gente depende do transporte pública e ele está cada vez pior. Nós, que somos usuários, é que saímos prejudicados”, reclama.

A paralisação foi deflagrada, depois que a Pioneira, responsável pela Bacia 2 — responsável pelo Expresso DF em Gama e Santa Maria e pelo transporte público regular de Candangolândia, Paranoá, Lago Sul, Jardim Botânico e Park Way —, não depositou na conta dos funcionários o dinheiro referente ao salário de R$ 1.928, de motoristas, e R$ 1.008, de cobradores. As horas extras e o auxílio-alimentação de cerca de R$ 400 também não foram creditados. A dívida de R$ 15 milhões se refere ao custo de operação do Passe Livre Estudantil, ao benefício dos deficientes e à gratuidade do sistema BRT, subsídios que o DFTrans assumiu com a mudança do sistema de transporte público.

Negociação
O atraso no repasse é de três quinzenas, segundo o órgão. O DFTrans considera que, mesmo com a demora na quitação, os pagamentos dos funcionários deveriam ter ocorrido. “A despeito do repasse feito pelo governo, as empresas devem ter caixa para manter sua operação. Lembrando que, das cinco empresas que operam no serviço básico, somente a Pioneira está com as atividades paralisadas. As outras quatro continuam circulando normalmente, bem como as cooperativas”, informou, por meio de nota. Procurada, a Pioneira afirmou, via assessoria de comunicação, que está em negociação com o governo e aguarda o repasse da verba.

Os rodoviários defenderam a opção pela paralisação. “Não é algo que a gente tenha planejado. Ninguém aqui está satisfeito com a situação, mas também não é possível trabalhar de graça. Temos famílias para sustentar. A gente só parou porque receber nossos direitos”, disse o motorista Francisco Parente, 34 anos. “Os atrasos nos pagamentos têm sido constantes”, continuou.

Se a ida para o trabalho estava difícil, o retorno também era motivo de apreensão para a auxiliar de serviços gerais Lúcia Ferreira, 52. “Tive que ouvir do encarregado que era para eu dar um jeito e chegar até a Esplanada, onde trabalho. Quero saber como volto para Santa Maria se o Expresso DF não está funcionando. Embarco na Rodoviária do Plano Piloto e, quando tem paralisação, são poucos ônibus para o tanto de gente que quer voltar para casa. Dá empurra-empurra e briga”, descreveu. Lúcia conta que evita pegar os veículos piratas. “Eu sou hipertensa e esses ônibus vêm cheios. Não quero correr o risco de passar mal com o aperto e com o calor dentro de um pirata”, finaliza.

Fonte: Correio Web

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