Economia
Paralisação nacional em Portugal impacta voos e transporte público
Na última quinta-feira, uma greve geral abrangeu o transporte aéreo e ferroviário em Portugal, além de afetar hospitais e escolas, convocada pelos sindicatos contra as reformas trabalhistas propostas pelo governo. A principal estação ferroviária de Lisboa estava praticamente deserta, com a maioria das rotas suspensas. A companhia aérea nacional TAP cancelou cerca de 170 voos, entre os quais seis ligações com cidades brasileiras, como São Paulo, Campinas e Fortaleza.
Os sindicatos também relataram a paralisação da coleta de lixo e serviços hospitalares para casos não urgentes. Escolas e tribunais também tiveram suas atividades interrompidas.
As organizações sindicais protestam contra uma legislação apresentada pelo governo de coalizão de direita que, segundo eles, facilitará despedimentos, ampliará contratos temporários e aumentará as obrigações de serviços mínimos durante greves.
Luis Montenegro, primeiro-ministro, defende as reformas como um conjunto de mais de 100 medidas destinadas a fomentar o crescimento econômico e melhorar os salários.
No entanto, grupos sindicais importantes, como a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), classificaram os planos como nocivos, destacando que a greve é a maior desde 2013, ano em que Portugal passou por uma crise financeira que exigiu auxílio internacional.
Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, criticou duramente as reformas durante entrevista à AFP, afirmando que elas representam ataques significativos aos direitos dos trabalhadores, criando um cenário de insegurança no emprego e facilitando desligamentos.
Aproximadamente 1,3 milhão de trabalhadores portugueses encontram-se em empregos instáveis, segundo Oliveira. Ele considera que, mesmo antes do início da greve, o movimento foi bem-sucedido ao chamar atenção para as reformas.
Uma pesquisa divulgada na mídia portuguesa indica que 61% da população apoia a paralisação. O primeiro-ministro ressaltou que espera que o país funcione normalmente, ressaltando a importância do respeito aos direitos de todos.
Embora o partido de Montenegro não detenha maioria no parlamento, o governo deve aprovar as reformas com apoio de liberais e da extrema direita, que hoje é a segunda maior força política no país.
A oposição acusa o governo de não ter esclarecido os eleitores sobre os cortes nos direitos trabalhistas durante as eleições anteriores.
Apesar do crescimento econômico em torno de 2% e uma taxa de desemprego baixa, o primeiro-ministro defende que este é o momento adequado para implementar as mudanças.
Armindo Monteiro, líder da principal confederação empresarial portuguesa (CIP), criticou a greve, comentando à AFP que o projeto governamental é uma proposta para dialogar e corrigir desequilíbrios causados por reformas trabalhistas feitas por administrações anteriores.


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