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Passageiros enfrentam bilheterias fechadas e tumulto após fim da greve no Metrô-DF
Passageiros enfrentam bilheterias fechadas e tumulto após fim da greve no Metrô-DF
A retomada do serviço do Metrô no Distrito Federal – após 77 dias de greve dos metroviários – foi marcada por tumulto no embarque e no desembarque de passageiros e por falhas no sistema da companhia. Alguns problemas persistiram até o fim da manhã desta sexta-feira (19).
Por volta das 7h – horário de pico – filas grandes se formaram nas bilheterias para a compra de cartões de acesso às plataformas. Na estação Praça do Relógio, até as 10h30, apenas um dos quatro guichês estava em funcionamento.
Em 13 das 24 estações abertas, o acesso aos passageiros foi liberado gratuitamente por falta de funcionários. A situação foi registrada nos seguintes terminais:
- 102 Sul
- 108 Sul
- 112 Sul
- 114 Sul
- Asa Sul, Feira
- Arniqueiras
- Concessionárias
- Praça do Relógio
- Ceilândia Sul
- Ceilândia Norte
- Furnas
- Terminal Samambaia
Em nota, o Metrô informou que o número de servidores está reduzido. Pela manhã, dos 92 metroviários previstos para assumir o turno, apenas 64 se apresentaram ao trabalho. Ao todo, foram 28 ausências.
“Os números são bem superiores em relação aos dias normais, quando são notificadas de 5 a 8 ausências”, diz comunicado da companhia. “Foram 18 licenças médicas, dois atestados de comparecimento, 1 atestado de acompanhamento e sete não informaram o motivo da falta.”
Já a direção do Sindicato dos Metroviários (SindiMetrô) diz que emitiu uma recomendação para os servidores retomarem as atividades e afirma que os funcionários ausentes “já estavam de licença durante a greve ou adoeceram neste dia [sexta]”.
“Isso não tem como prever, nem questionar, porque só pode ficar de licença médica se amparado por um atestado assinado por um médico e com o CID [código internacional] da doença”, disse a diretora da entidade, Renata Campos.
Greve legal, mas…
Pela decisão da Justiça, os servidores deveriam ter voltado integralmente ao serviço. Na terça-feira (16), o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) decidiu que a paralisação dos metroviários é legal, mas entendeu que parte das reivindicações da categoria já estava sendo atendida.
Em 77 dias de greve, o Metrô calculou o prejuízo de R$ 9,3 milhões aos cofres da empresa. Em pouco mais de dois meses, 1,9 milhão de usuários foram transportados a menos na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esta foi a paralisação mais longa da categoria no DF.
Falha no sistema
Além dos problemas na bilheteria, passageiros também enfrentaram tumulto na volta para casa na quinta-feira (18). Na estação Central, por onde circulam cerca de 30 mil pessoas por dia, uma falha impediu os trens de mudarem de sentido na linha.
De acordo com o Metrô, a máquina que faz a reversão apresentou defeito e, por isso, a entrada e saída de usuários do vagão teve de ser feita na mesma plataforma.
Por volta das 18h, a TV Globo registrou estações cheias. Os passageiros enfrentavam dificuldade para entrar e sair dos vagões.
Na rodoviária do Plano Piloto, os usuários reclamavam ainda da falta de informações sobre a mudança no embarque. O reparo foi feito às 20h.
Passageiros enfrentam bilheterias fechadas e tumulto após fim da greve no Metrô-DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Corte de pontos
Na decisão, a Justiça também proibiu o Metrô de cortar o ponto dos servidores que participaram da greve. No entanto, uma liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST) permitiu o desconto no salário dos grevistas. O sindicato afirma que vai recorrer da decisão.
Na quarta (17), o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que os cortes salariais serão feitos no contracheque dos servidores e ainda criticou o serviço de transporte no DF. “Não conheço ninguém que possa dizer que o serviço de metrô no Distrito Federal seja bem prestado”.
“[Os metroviários] perderam todas suas cláusulas de benefício. Vão ter os salários cortados porque tenho uma decisão do TST que me autoriza. A folha [de pagamento] que fecha hoje sai com cortes salariais desse mês, e os dos meses anteriores vão sair em agosto.”
Passageiros enfrentam bilheterias fechadas e tumulto após fim da greve no Metrô-DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Relembre a greve
Com 77 dias de paralisação, a greve dos metroviários se tornou a maior da história da categoria no DF. O SindiMetrô reivindicava o cumprimento das sentenças judiciais que determinam reajuste dos salários no mesmo índice que a inflação. Eles pediam ainda a manutenção do acordo coletivo firmado em 2017.
A proposta mais recente do Metrô-DF ofereceu aumento no valor do auxílio alimentação e no ressarcimento do plano de saúde, além de incorporação da carga horária de seis horas ao contrato de trabalho dos pilotos.
Sem acordo entre as partes, as reivindicações foram julgadas pela Justiça.
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