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Pcc usava esquema para adulterar combustível em postos e Faria Lima

Uma investigação da Polícia Federal revelou que integrantes de uma quadrilha vinculada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) tinham informações antecipadas sobre operações de fiscalização realizadas contra eles. Isso permitia que interrompessem suas atividades para evitar flagrantes.
Mensagens obtidas pela PF e divulgadas pela TV Globo mostraram como essa organização criminosa montou uma rede bilionária de adulteração de combustível e lavagem de dinheiro em todo o Brasil.
A quadrilha controlava aproximadamente 1,2 mil postos e agia de forma articulada, sempre se antecipando às fiscalizações. Utilizava usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras, fintechs e fundos de investimento localizados na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.
Em uma conversa, Thiago Augusto de Carvalho Gomes, apontado como um dos suspeitos presos, afirmou: “Já tudo parado, né? Que a gente sabia que ia começar”. Em outro diálogo, ele indicou estar preparado para enfrentar eventuais problemas durante as operações, dizendo: “Pistola na cintura e diesel, pai!”.
O esquema criminoso funcionava em sete fases:
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Importação irregular de produtos químicos pelo Porto de Paranaguá (PR), como metanol e nafta, desviados para adulterar gasolina e etanol vendidos em postos.
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Compra de pelo menos cinco usinas de etanol no interior paulista para produzir combustível adulterado e realizar lavagem de dinheiro, chegando a pagar preços até 43% maiores pela cana-de-açúcar.
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Estruturação de distribuidoras próprias, como a Duvale, em Jardinópolis, SP, que teve um salto no faturamento para cerca de R$ 2,8 bilhões em poucos anos.
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Transporte do combustível adulterado por meio da empresa G8Log, que utilizava caminhões para distribuir o produto nos postos, mesmo divulgando mensagens motivacionais nas redes sociais.
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A atuação em cerca de 1.200 postos em várias regiões do país, muitos cientes da adulteração, outros atraídos pelo preço mais baixo.
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Movimentação dos lucros através de fintechs, especialmente a BK Instituição de Pagamento, situada em Barueri, SP, que operou R$ 46 bilhões em cinco anos usando contas que dificultavam o rastreamento dos valores.
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Lavagem do dinheiro ilícito por meio de fundos de investimento e gestores localizados na Faria Lima, principal centro financeiro paulista, com 42 fundos bloqueados judicialmente, totalizando cerca de R$ 30 bilhões.
Mensagens encontradas no celular do empresário Rafael Renard Gineste, também preso, mostram conversas com Thiago discutindo formas de melhorar o rendimento da gasolina e reduzir custos com o uso de metanol.
O inquérito ainda aponta que alguns suspeitos permanecem foragidos, entre eles Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Louco”, considerado o maior adulterador de combustível do Brasil. Sua defesa nega envolvimento com a organização criminosa.

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