Economia
Pela 1ª vez, em 15 anos, desigualdade aumenta no Brasil
Oxfam detecta queda na renda dos brasileiros mais pobres, enquanto que os mais ricos tiveram crescimento entre 2016 e 2017
Depois de 15 anos, a desigualdade no Brasil parou de diminuir, segundo relatório da organização não governamental Oxfam, publicado nesta segunda-feira, 26. O país, com isso, piorou sua posição no ranking global de desigualdade. Agora, é o nono pior.
Segundo a Oxfam, “o Brasil, pela primeira vez durante anos, vê sua distribuição de renda estacionar. A pobreza no país recrudesceu e teve fim a dinâmica de convergência entre a renda de mulheres e homens – o primeiro recuo em 23 anos”.
Isso, segundo a ONG, fez o índice Gini, ficar inalterado em 0,549 entre os anos de 2016 e 2017. Isso “contrasta com os 15 anos anteriores nos quais sempre houve alguma queda em relação ao ano anterior”, diz o relatório.
“Considerando somente a população maior de 20 anos com algum rendimento, fica evidente que a base da pirâmide perdeu mais, com destaque para o decil mais pobre. No caso dos rendimentos de todos os trabalhos, a perda entre 2016 e 2017 foi de mais de 11% para os 10% mais pobres, caindo para 9% quando considerados todos os decis de rendimentos”, explica a Oxfam.
Já “os 10% de brasileiros mais ricos com alguma renda viram um crescimento de quase 6% em seus rendimentos do trabalho, e de 2% se considerados todas as rendas no mesmo período”, destaca.
O relatório, que recebeu o nome de “País Estagnado”, ressalta que o Brasil parou na 79ª posição, entre 2016 e 2017, no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas. Segundo a ONG, a piora da renda do brasileiro foi o que mais pesou para isso. Este é apenas o segundo ano de publicação do relatório.
A explicação está na crise econômica e social que o país vive desde 2014, segundo o relatório. “A crise fiscal a que chegou o país gerou um pacote de medidas desconectado da missão constitucional maior, que é a correção de desigualdades históricas e a inclusão dos excluídos: a população negra, as
mulheres e as minorias.”
A principal crítica da organização é a Emenda Constitucional 95, que estabelece o teto de gastos. Essa medida, segundo a Oxfam, cria uma concorrência entre programas sociais, investimentos e outros gastos, como o pagamento a funcionários públicos. “A resposta apresentada até agora para o momento de crise tem seguido na contramão do que se aprende sobre política fiscal para a redução de desigualdades”, diz o relatório.
Outros destaques
A Oxfam destacou que há 15 milhões de pobre no país, segundo os critérios do Banco Mundial. Isso significa que 7,2% da população sobrevive com menos de 1,9 dólar por dia. “Esse é o terceiro ano seguido que essa taxa cresce, tendência iniciada em 2015.” Sob o critério que estabelece que pobre é quem vive com menos de 5,5 dólares por dia, o Brasil teria 45 milhões nessa situação, aproximadamente 22% da população.
Além da piora no índice Gini e do aumento da pobreza, o relatório destaca outras notícias ruins. Houve regressão na equiparação de renda entre mulheres e homens e de renda entre negros e brancos, além do aumento da mortalidade infantil.
“Em resumo, 2017 foi um ano de péssimas notícias para a redução das desigualdades no país, com a aparente consolidação de um recuo histórico.” Fonte: Portal Veja
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