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Perícia do menor morto pela polícia foi realizada um ano depois

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A perícia do local onde o adolescente Fábio Cardoso de Araújo foi morto pela Polícia Militar em São Vicente, no litoral paulista, durante a Operação Verão, levou quase um ano para ser feita. O jovem, de 16 anos, foi atingido por dois tiros de pistola .40 no abdômen, em um alegado confronto com uma equipe do 39º Batalhão do Interior, no dia 9 de fevereiro de 2024.

Alguns dias antes, em 3 de fevereiro, o soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo foi morto durante uma incursão na comunidade do Mangue Seco, em Santos. Esse assassinato motivou a ação mais violenta da PM desde o massacre do Carandiru, com 56 mortes em comunidades da Baixada Santista em um período de dois meses.

Fábio Cardoso de Araújo foi morto em uma área de mata na comunidade Vila Voturá, local apontado pela polícia como ponto de venda de drogas. Os policiais militares relataram em depoimentos que a região chegou a ser isolada, porém, por motivos não esclarecidos, a perícia não chegou a ser realizada. Eles não confirmaram se essa decisão veio do delegado responsável.

Durante o ano anterior, os promotores do Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicitaram cinco vezes a inclusão do laudo pericial do local do crime nos autos, mas foram informados que o exame não tinha sido feito.

Um perito do Instituto de Criminalística esteve no local em 31 de janeiro de 2025 e fez apenas fotografias da comunidade e do trajeto realizado pelos policiais até o local do suposto confronto.

No relatório, o perito observa que, devido ao longo intervalo entre o fato e sua visita, não havia nenhum elemento preservado ou representantes que pudessem esclarecer como tudo ocorreu. Ele então apresentou uma descrição do local dentro das limitações existentes.

O laudo se limita a descrever detalhadamente e mostrar fotografias das ruas de acesso à área de mata: General San Martin, Caminho San Martin e Beco 109, sem indicação se o perito foi até o local exato da morte de Fábio.

Homicídio

Os policiais militares acusados pelo homicídio são o sargento Luiz Henrique da Silva Goes, que teria efetuado dois disparos, e os soldados Rafael Araújo Paixão e Giovanni Belline, que teriam disparado uma e duas vezes, respectivamente. Nenhum deles usava câmeras corporais.

Em depoimento, disseram que foram informados via Copom sobre a presença de pessoas armadas traficando drogas na região. Ao chegarem em uma área de mata, teriam avistado dois indivíduos correndo em sua direção, um deles armado, que teria atirado primeiro, levando a equipe a revidar.

Fábio foi atendido pelo Samu e levado ao Pronto Socorro Central de São Vicente, onde foi confirmada sua morte.

Arquivamento dos casos

A versão apresentada pelos policiais não foi contestada pelos promotores. O processo que investigava a morte de Fábio Cardoso de Araújo foi arquivado em 15 de abril de 2025, junto com o procedimento investigatório criminal (PIC) do Ministério Público de São Paulo.

Em julho, o Ministério Público manteve o arquivamento dos inquéritos que apuravam a atuação dos policiais envolvidos nas operações Escudo e Verão, que resultaram em 84 mortes na Baixada Santista, conforme dados oficiais.

O arquivamento foi confirmado pela Justiça. Durante as investigações, foram ouvidas 92 testemunhas, analisados 330 vídeos e realizados 167 interrogatórios. Ao todo, foram oferecidas sete denúncias contra 13 policiais militares.

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